O brasileiro frouxo

laranjeiras1922O goleiro do Racing foi gravado incentivando seus companheiros a explorarem a frouxidão dos brasileiros quando jogam na Argentina, e isso provocou um estardalhaço, lá e cá, às vésperas do confronto entre o time de Perón e o Galo, nesta quarta, em Avellaneda.

Mas, o que disse o rapaz não passa de um desses clichês cravados na história por fatos repetidos ao longo dos tempos.

Nos anos 30, 40 e 50, durante as disputas do antigos Campeonatos Sul-Americanos (hoje, Copa América), vivíamos levando coro dos argentinos, na bola e no tapa.

Havia exceções, mas geralmente aqui, como naquele célebre jogo entre argentinos e brasileiros, em São Januário ou Laranjeiras, já não sei ao certo, quando o centroavante Feitiço mandou o time brasileiro se retirar de campo por um pênalti marcado pelo juiz, e veio a ordem das tribunas de ninguém menos que o presidente da República, Washington Luís, para que seguíssemos em campo. Feitiço, mulato sacudido e goleador emérito que conheci no fim da vida dirigindo uma escolinha de futebol no Planalto Paulista, mandou de volta o seguinte recado:

-Diz ao presidente que, lá em cima, manda ele. Aqui em baixo, mando eu!

De fato, o Brasil, já campeão do mundo, só perdeu a fama de frouxo num outro Sul-Americano, o de 59, quando estourou uma briga com os uruguaios, e Didi, o elegante e sóbrio Didi, deu uma tesoura voadora num uruguaio e até Mauro Ramos de Oliveira, exemplo acabado de fino cavalheiro, distribuiu porrada pra todo lado. Com a entrada de Paulo Valentim, viramos um jogo perdido e saímos de campo com ares de heróis épicos.

Mas, é indiscutível que, na Libertadores, por exemplo, nossos times quase sempre se acanham quando jogam fora, não só nos campos argentinos. A não ser nas fauses áureas do Santos de Pelé, do Flamengo de Zico e do São Paulo de Telê. Aliás, nas duas últimas décadas, os brasileiros andam acanhados até aqui mesmo, jogando entre si.

Agora mesmo estamos prestes a assistir um desses exemplos. E olhe que a coisa não parte de um brasileiro frouxo, não, e sim de um argentino que fez história como zagueirão de raça, El Patón Bauza.

Pois, leio que ele cogita deixar o único craque do time, o meia Ganso, no banco, como o fez contra o Strongest em La Paz, no jogo de quinta frente ao Toluca, no México. Justificativa: a altitude e a necessidade de se defender com três, quatro volantes.

Vale lembrar que em La Paz, o Tricolor só não foi trucidado e salvou-se com um empate porque o adversário era de quinta categoria, e, apesar das chances criadas, não soube empurrar a bola às redes adversárias.

Com Ganso esmerilhando, deu um passeio no Toluca no Morumbi.

Será que resolvemos voltar aos tempos do vira-lata que tanto o imortal Nélson Rodrigues condenou em suas crônicas inesquecíveis?

 

8 comentários

  1. Concordo plenamente. Essa do Paton tirar o Ganso para “seghurar” o resultado, é lamentável, Sou SãoPaulino, mas prefiro perder jogando “à lá” Ganso, do que ganhar com “retranca”. O Glorioso SPFC precisa reaprender a ser grande !

  2. Na média somos uns frouxos mesmo. Devemos assumir isso sem culpas, fazer o que? Vejam o que acontece na política. Uma presidente democraticamente eleita vai ser apeada do poder por um bando de corruptos comandados por banqueiros, latifundiários, industriais, construtores, barões da mídia, empresas multinacionais que ganharam bilhões de dólares e continuam cada vez mais ricos e que reclamam que a situação não “está boa”. Os coitados famintos e miseráveis pelo contrário, continuam a lutar dia a dia esperando democraticamente a cada 4 anos para tentar mudar o país nas urnas. Pode? Eu que vou ter o meu voto roubado estou aqui, com o rabinho entre as pernas esperando o golpe chegar sem nada fazer, preciso falar mais? Sou um frouxo mesmo.

      1. 12 milhões de desempregados, inclusive eu, inflação comendo solta uma “presidenta” que diz que os índios necessitam de “assistencia técnica”, entre outras barbaridades, alguns programas sociais para garantir o voto Só não enxerga quem é frouxo mesmo., parabéns.

  3. E nitida a falta de preparo psicologico de muitos de nossos times quando jogam fora do pais, especialmente na Argentina. Jogadores cometem erros primarios que muitas vezes demonstram falta de forca mental. No esporte se usa habilidade, esforco, foco e forca mental, alem da inteligencia. O Corinthians de 2012 reunia esses requisitos. O de agora parece que nao. A atuacao de Felipe (em especial) no ultimo jogo da Libertadores pelo Corinthians foi simplesmente pifia para um jogador de selecao (?) brasileira.
    Vamos ver o que se passa hoje.

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