
A lambreta de Neymar fez muita gente descarrilar nos descaminhos do preconceito e da truculência infantil, do tipo ninguém tira onda comigo porque eu sou é macho!
Até o técnico do Barça, Luís Enrique, que já andou trombando com Messi e Neymar, antes de cair na real e, a partir daí, ver seu time criar asas, criticou o gesto de pura arte do brasileiro genial.
Ao ouvir e ler tantos disparates, dá-me ganas de sugerir à International Board que, nesses casos, baixe uma recomendação: que se aplique a Lei de Talião, olho por olho, dente por dente. Isto é: o jogador que foi humilhado pela carretilha alheia terá de repetir igual jogada sobre o desafeto. Queria ver aquele becão beócio do Bilbao dando uma lambreta em Neymar. Sairia de campo, no ato, com a espinha quebrada.
Quer dizer, então, que chegar junto (tradução: dar porrada), agarrar o atacante na área na hora do escanteio, xingar o adversário com a mão na boca, tudo isso faz parte do jogo, mas desequilibrar psicologicamente o inimigo com um lance acrobático e humilhante não pode?
Quem são esses machões tão ciosos de sua dignidade ferida? Um bando de frouxos, incapazes de absorver a provocação e responder na mesma moeda, quando a chance se lhe apresentar, isso, sim. A dignidade, a força de um indivíduo, se revelam muito mais na sua capacidade interior de aceitar o revés e dar a volta por cima, do que sair por aí estufando o peito e dando empurrões e tabefes. Isso, sim, é prova de fraqueza indigna.
Sempre que esses episódios se repetem hoje em dia, me lembro de uma cena que ficou na história do nosso futebol.
Foi lá pelos meados dos anos 50. Jogavam Palmeiras e Corinthians, no Pacaembu lotado, numa noite de quarta-feira.
Luisinho, o Pequeno Polegar, que vivia humilhando seus adversários com aqueles dribles desconcertantes que faziam parte de seu rico repertório, não só meteu a bola no meio das pernas de Luís Villa, centromédio de alta categoria do Palmeiras, como ainda por cima sentou na bola diante do marcador. Villa, do alto de sua grandeza como craque e homem, apenas sorriu e passou a mão na cabeça de Luisinho.
Nesse singelo e altamente digno gesto, enquadrou não apenas o adversário, que passou a jogar um tanto acanhado, quanto toda a plateia que, naquele momento, havia esperado por um pontapé que arrancasse fora a cabeça do Pequeno polegar.
O tempo passa, a ciência avança, a tecnologia faz milagres, o conhecimento está aí ao alcance de qualquer um, o mundo se reduz a uma grande aldeia e o homem segue sendo a mesma besta de sempre.
Dizer mais o que ? nada mais me cabe!
Perfeito!
Alberto H. Jr . . . “dizeu” tudo . . . kkkkkkkk . . .
Prezado Alberto.
Lembro com saudades dos duelos entre Roberto Dias e Pelé.
Um dava um chapéu, e o outro ficava esperando uma oportunidade para devolver, e era bola entre as pernas e tudo dentro do maior respeito, sem porrada, para delírio dos torcedores,que muitas vezes nem se preocupavam com o placar do jogo.
Quantas vezes fui ao Pacaembú e ao Morumbi, para apreciar a arte e os artistas.
Que saudade!
Um abraço.
João Carlos.
Helena, gosto muito do futebol moleque do neymar, isso é graça do futebol no santos ele fazia isso em qualquer hora do jogo porém a questão é se neymar faria isso se o jogo tivesse 0x0 ou o barça estivesse perdendo.
Olha Bruno, essa ideia de que ele não faria em outro momento é falsa, ele já fez em um Barça X Real estando o jogo zero a zero e no Santos também fez em outras situações. Nessa última ele fez objetivamente partindo para o gol, mas mesmo que não fosse, futebol é show. E se acredita que ele só fez por já estar com o jogo ganho, lembro o que ensinam nossos pais: Primeiro faça o dever depois o lazer… pois é, já estava na hora do lazer
Não faz muito tempo, enterrar a bola no jogo de basquete era considerado desrespeitoso. Hoje é uma das atrações do jogo. Quando será que o futebol vai perceber que quanto mais espetáculo mais audiência? Bravo Neymar, continue encantando os espectadores com sua arte. Alberto sou um grande fã seu. Comentários sempre corretos, diretos e com grande elegância no escrever.
Futebol está muito chato :
Não pode lambreta…
Não pode embaixada…
Não pode chutar ” o ar “…..
Não pode correr equilibrando a bola na cabeça …..
etc
Coloquem robôs para jogar futebol……..ou oficializem jogos em computador ou em celular.
Obrigado Alberto Helena! Mas me diz uma coisa: na midia tem muita gente ignorante como vc diz e o que vc faria ao vivo ao escutar esses brucutus falando que o Neymar esta errado ?
Excelente!
Tbm não entendo pq o pessoal fica tão melindrado
Adoro seus comentários e sua maneira de escrever. Concordo com tudo o que disse. Várias vezes já imprimi seus textos para guardá-los. Este também eu imprimi e vou mostrar aos meus amigos.
Ô, Erlei, assim vc mata o véio.
Obrigado
Como diria o Shakespear, “much ado about nothing.”