
Lewis Hamilton tem o espírito de um samurai, concentrado e obstinado na busca da vitória. Na pista molhada do Istambul Park, ele rejeitou a conquista do heptacampeonato por pontos e buscou a vitória por nocaute. Alcançou um feito histórico.
‘Espada e mente devem se unir. Somente técnica é insuficiente e apenas espírito não é o bastante’ diz o provérbio samurai de Yamada Jirokichi, mestre japonês de Kashima Shinden, escola de arte marcial de espadachins.
No GP da Turquia de Fórmula 1, tudo o que Hamilton precisava era não permitir que seu companheiro de equipe, Valtteri Bottas, tirasse oito pontos da vantagem o que, fatalmente, levaria decisão do campeonato para a próxima etapa no Bahrein. Bottas teve uma péssima jornada depois de rodar duas vezes e ocupar as últimas posições. Hamilton poderia terminar a corrida tranquilo, somando ou não pontos, que seria campeão da temporada, igualando a marca de sete títulos de Michael Schumacher.
Depois de um fim de semana ordinário para Mercedes, ele não se resignou. E extraiu na ‘técnica e no espírito’, como orienta Jirokichi, a força que precisava para pilotar no molhado com os pneus intermediários quase lisos, no final, recusando-se a uma ‘troca de segurança’ na penúltima volta. Fez um único pit stop. E chegou na frente como já fez 94 vezes, sendo 10 só nessa temporada. Lewis Hamilton tem 110 pontos de vantagem sobre Bottas, o segundo colocado, e 127 sobre Max Verstappen, o terceiro.
Lance Stroll, com a Racing Point, poderia ter feito a corrida de sua vida. Largando a partir de uma pole position fortuita, conduziu com firmeza, estabelecendo uma série de voltas mais rápidas. Entretanto, não subsistiu a um comando duvidoso para fazer uma segunda troca dos pneus intermediários. Sergio Perez escapou do mesmo erro e terminou em 2º, cabendo um merecido terceiro lugar para Sebastian Vettel, o primeiro a cumprimentar Hamilton após sua emocionante chegada.
Do pódio da Turquia, 11 títulos mundiais contemplaram as arquibancadas vazias.