A Aninha partiu. E só deixou saudades na Fórmula 1.

Bia Rosenburg, Daniel Ricciardo e Ana Luiza Kalil

Ana Luiza Kalil, 31 anos, mineira, atleticana. E uma grande fã da Fórmula 1 e do piloto Daniel Ricciardo. Na quarta-feira, depois de três anos tratando de um câncer nos ossos, ela morreu em um hospital de Belo Horizonte. Algumas horas depois, Ricciardo elogiava a tenacidade de Aninha, lamentando sua passagem.

Em 2018, depois de uma longa internação, das muitas que teve, ela escolheu onde seria sua primeira saída: o GP Brasil de Fórmula 1, em Interlagos.

Ninguém melhor do que a amiga carioca Bia Rosenburg, também apaixonada por Fórmula-1, Bia e Aninha fizeram a conexão Rio-Belo Horizonte, graças às ondas da BandNews FM, única emissora que transmite as corridas de F1:

Ana Luiza Kalil e Bia Rosenburg

“Logo começamos a conversar porque tínhamos muito em comum e fomos criando um laço forte. No começo eu não conseguia acreditar que ela tinha câncer, porque era difícil pensar que uma pessoa um pouco mais velha que você tem uma doença tão agressiva, mas a Aninha lidava muito bem com a situação, sempre positiva e comemorando cada progresso no seu tratamento.

Nos conhecemos pessoalmente no dia 09/11/2018, no evento do Boteco da F1 junto com a Julianne Cerasoli. Aninha estava radiante e tinha um abraço do tamanho do mundo e saímos de lá com um objetivo: fazer a Aninha se encontrar com o Daniel Ricciardo, mas acabou não dando certo.

Na semana seguinte ao GP do Brasil a Red Bull lançou a campanha #CheersDan, com a saída de Daniel Ricciardo da equipe eles queriam premiar o shoey mais criativo. Assim que assisti ao vídeo da Aninha, desejei que as sapatilhas do Ricciardo fossem dela. Existem pessoas como ela que travam uma batalha para continuar vivendo e realizar seus sonhos. E naquele vídeo, a Aninha estava lá comemorando os 100 dias do seu transplante de medula fazendo um shoey celebrando a vida.

Exatamente um ano depois, em novembro do ano passado, ela realizou o sonho de conhecê-lo em Interlagos e eu fui muito privilegiada por estar ao lado dela durante a realização desse sonho.

Antes disso, no final de abril de 2019, se não me falhe a memória, ela contou que seu câncer tinha voltado com metástase e teria que voltar a fazer quimioterapia, mas continuava perseverante e o Daniel Ricciardo tinha um papel fundamental para ela seguir firme.

A semana que antecedeu o GP do Brasil foi de incertezas por conta de novas sessões de químio. Entretanto Aninha acabou liberada e na tarde de quinta chegou a São Paulo. Finalmente aquele final de semana tão aguardado e planejado iria acontecer! Tudo já estava perfeito, mas outra mensagem naquela tarde iniciou uma mudança no plano e transformaria o final de semana em um conto de fadas.

Recebi uma mensagem da Julianne Cerasoli, repórter especializada em Fórmula 1 da BandNews FM, me perguntando se a Aninha já estava em São Paulo, porque ela havia comentado com o Ricciardo sobre ela e ele disse que queria conhecê-la. Foram horas de ansiedade até conseguir ver a mensagem de confirmação da Ju. Lembro de ler a mensagem de confirmação e começar a pular e gritar com a minha mãe: A Aninha vai encontrar com o Ricciardo!!! O encontro iria acontecer às 09:50h e a Ju precisava da minha ajuda para levar a Ana até o portão 7, às 9h, sem ninguém saber, porque era uma surpresa.

Às 09:03, Aninha me enviou um áudio falando que estava chegando no portão 7! A ansiedade aumentou e quando a avistei, fui abraçá-la e eu só pensava que ela receberia a melhor notícia do mundo em alguns segundos: ELA IRIA CONHECER O RICCIARDO!!

O encontro com o Daniel Ricciardo foi fantástico ele foi muito atencioso e realmente tem um sorriso cativante, mas o melhor de tudo naquele encontro foi ver a felicidade da Aninha! Segundo palavras da própria Ana: ‘O encontro com o Daniel Ricciardo superou qualquer expectativa! Ele não queria câmeras por perto, ainda bem, porque eu iria ficar mais nervosa do que já estava. Quando ele me viu já abriu aquele sorriso maravilhoso e mesmo tremendo o meu nervosismo passou e consegui fazer valer os 13 anos de estudo de inglês! Hahaha’

Ao longo desses dois anos que se pareceram duas décadas, ela me ensinou tantas coisas, me ensinou a ser forte, a não deixar que pequenas coisas estraguem grandes momentos, a ser mais perseverante e a não reclamar sobre qualquer coisa que acontece! Durante todos esses anos de luta ela nunca ficou sozinha, ela sempre foi cercada por muito amor de sua família e amigos.

Os últimos meses foram bem dolorosos, mas Ana estava sempre fazendo planos e um deles era levar pão de queijo para o Ricciardo. Aninha, saiba que eu vou levar um pão de queijo para ele, não será o seu, mas vai ser um mineiro!

Perdi uma irmã e dói muito saber que não terei mais minha soul sister para compartilhar vídeos do Ricciardo fazendo brincadeiras, para conversar sobre a vida, trocar receitas, fazer planejamento de viagens… mas vou lembrar para sempre da alegria, da perseverança e da resiliência que ela teve durante a sua vida.

Tenho uma certeza a partir de agora, vou ter um anjo sempre comigo e eu sou muito grata por esse presente que a Fórmula 1 me deu para a vida toda!

Gostaria de fazer um agradecimento especial a todos que enviaram mensagens de apoio, me senti muito acolhida e abraçada nesse momento tão difícil. E a todos que estão ajudando a fazer homenagens a Aninha, muito obrigada por todas as iniciativas.”

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