Outubro de 2017.
Vitor “The Phenon (O Fenômeno)” Belfort e seus 39 anos de idade.
O lutador carioca que é além de uma lenda brasileira no MMA, um atleta com uma história de grandes conquistas.
Superações na vida pessoal, vitórias dentro dos ringues e octógonos do UFC.
Poderia escrever muitas linhas aqui sobre o quanto Vitor é um marco na história do MMA brasileiro.
Empreendedor, inteligente e ousado.
Belfort fazia a muito tempo antes de muitos atletas, algo que o UFC traz ao esporte atualmente.
Hoje, o MMA está mais focado fora do octógono, com os lutadores se promovendo e usando todo seu potencial de marketing para alavancar suas lutas perante o público.
Com muitos amigos influentes, contatos importantes mas principalmente, talento.
O Fenômeno ajudou a construir grande parte do esporte no Brasil, ao menos o tornar popular.
Em 2011, sua luta contra Anderson Silva foi um marco do MMA no país, que parou para ver este duelo entre duas potências brasileiras.
Naquela luta, Belfort vencia até que um inesperado chute frontal acabou com suas expectativas de vitória.
Este mesmo combate consagrou Spider como um novo ídolo nacional, status que Vitor alcançou ao ajudar a popularizar o MMA perante o grande público.
Casa dos Artistas e seu relacionamento com a modelo Joana Prado que veio se tornar sua esposa até hoje.
Belfort foi o único lutador que convenceu Silvio Santos, a colocar um luta de MMA na televisão: Seu combate no UFC contra o americano Chuck Liddell, porém o carioca acabou perdendo, vendo seu sonho de ver o esporte conseguir um patamar acima adiado, algo que aconteceu com sua luta contra Anderson.
Após Spider, veio Jon Jones e uma inesperada oportunidade de lutar pelo cinturão.
Vitor conseguiu surpreender o mundo ao quase finalizar o então prodígio dos meio pesados com um chave de braço, mas acabou sendo finalizado pelo próprio Jones após um verdadeiro castigo.
O brasileiro ali já estava com 34 anos de idade. Talvez para muitos, uma importante oportunidade para se aposentar, mas o carioca não quis terminar a carreira.
Três vitórias sobre nomes importantes (dois deles atualmente no auge, sendo um campeão atual e outro um ex campeão do Ultimate), fizeram de Belfort renascer na categoria dos médios e novamente ganhar a confiança dos fãs até que veio o combate com Chris Weidman.
Após conseguir causar problemas ao homem que chocou o mundo com um nocaute sobre Anderson Silva, Vitor viu seu desejo de ser campeão do UFC ser demolido pela nova estrela americana.
Além de sair derrotado do duelo, o brasileiro teve suas falhas expostas.
Sabe quando alguém mostra ao mundo, o “caminho das pedras”?
Foi o que aconteceu com Vitor, que após esta luta apenas venceu mais uma vez: O então americano Dan Henderson, com 44 anos na data da luta.
Veio o grandioso UFC 198 em Curtiba e talvez o duelo mais difícil para o ex campeão: Enfrentar Ronaldo Jacaré, no auge de sua força física e técnica.
O resultado foi o esperado. O multicampeão de Jiu Jitsu aplicou um verdadeiro monólogo sobre Belfort, vencendo usando a mesma tática de Weidman, atacando com socos na guarda por cima.
Neste último sábado, Vitor sonhava com uma nova oportunidade de lutar pelo cinturão.
“É como uma luta de cinturão. Mousasi é um dos caras mais duros da divisão. É um dos caras mais duros que não possuem o cinturão. Então é como uma luta de título para mim. Tudo que treinei na minha última preparação para a luta com o Jacaré era acerca de o que fazer e se defender. Mas desta vez, fizemos um camp excelente e os fãs podem esperar o melhor Vitor Belfort nesta luta.” disse o lutador nesta última semana.
Não foi o que aconteceu.
Um Vitor apático. Andando para trás. Respeitando demais o oponente, o armênio/holandês Gegard Mousasi que simplesmente não respeitava o nome de Belfort e partia para cima do brasileiro em busca da vitória.
Aquele lutador explosivo que decidia as lutas rapidamente com nocautes espetaculares deu espaço a um lutador comum, que apenas reage ao ataque dos oponente e pior, oferece pouca resistência quando está em situações desfavoráveis.
Foi assim com Weidman, Jacaré e agora com Mousasi.
Três derrotas em quatro lutas sendo três nocautes técnicos praticamente idênticos.
Apesar disso, Belfort em suas últimas entrevistas deu a entender que não deseja parar de lutar, o que torna a situação um verdadeiro drama, uma novela talvez.
Muitos que me conhecem, sabem que sempre procurei me colocar no lugar de Vitor, que é um vitorioso, um homem de grandes conquistas na vida, em todos os sentidos.
Fazendo esta reflexão, pensei muito antes de escrever este texto.
Mas como admirador deste atleta espetacular que fez muito pelo esporte, acredito que chegou o momento de Vitor pelo menos repensar acerca de sua atual situação.
Se iludir, acreditando ainda estar entre os melhores do mundo, pode abrir oportunidades para novas derrotas para novos e jovens atletas que sonham um dia se tornar talvez o que Vitor é.
Caso Belfort opte por parar, não ficarei triste.
Pelo contrário, com o potencial e inteligência que o lutador possui, pode ajudar desta vez, a fazer do MMA, um esporte fortalecido no Brasil.
