Marcelo Brigadeiro se rende ao MMA Feminino e opina a favor do TRT com regra justa: Pura hipocrisia!

Líder da equipe Astra Team fala sobre vários assuntos e é a favor do TRT  - Arquivo Pessoal
Líder da equipe Astra Team fala sobre vários assuntos sendo a favor do TRT – Arquivo Pessoal

 

Pela primeira vez no blog, uma entrevista com um dos principais homens do MMA no Sul do Brasil.

Marcelo Brigadeiro, além de Manager, Empresário de Atleta e Treinador de Luta Livre é match maker (responsável por casar lutas dos eventos Aspera FC e Golden Fighters) e líder da equipe Astra Fight Team.

Para muitos um homem polêmico, com declarações fortes e para outros um homem focado e um profissional extremamente competente no que faz.

Hoje, conversamos por cerca de uma hora com um dos responsáveis da equipe que segundos dados internacionais é o melhor aproveitamento em lutas no mundo.

Brigadeiro conversou sobre sua vida, sua equipe e também opiniou sobre diversos assuntos importantes no MMA Nacional e Internacional.

 

O começo…

 

Buscando novos ares, o lutador contou como foi parar na Inglaterra e o início dos trabalhos em Santa Catarina…

“Foi tudo meio que por acaso, eu estava com “saco cheio” do Rio de Janeiro, ai tava dando aula em uma academia e recebi um convite para dar aula em Liverpool, na Inglaterra.

Morei 3 anos lá e ajudei eles colocando 6 meninos no UFC, foi um tempo muito bacana mas eu resolvi largar a Inglaterra que é um lugar muito esquisito de morar e voltar para Balneário Camboriú.

Uma época aonde não tinha eventos e o Nitrix tinha parado de fazer evento aqui em Santa Catarina.

Na época eu só tinha três alunos, que eram o Morcego (Rafael), Franklin (Jensen) e o Gilberto Galvão. Eles estavam sem lugar para lutar e aí começamos.

Fiz o Centurion, fiz o Sparta e hoje eu faço o Aspera, mas é mais para colocar meus atletas para lutar sem nenhuma pretensão de ser promotor de eventos.

O lance empresarial também comecei sem nenhuma pretensão porque na verdade era para ajudar a RFT do Rio, que eram meus companheiros de treino.

Ai fui ajudando porque era o único a falar inglês lá e fui colocando um, colocando outro até  que a coisa ficou muito grande até que eu quis largar mas já estava muito grande para eu largar.

Hoje mesmo eu faço porque acaba agregando muito ao meu trabalho de treinador porque não preciso colocar meus atletas nas mãos de outro empresário.

E a Áspera surgiu quando eu voltei em 2011, quando já estava de volta da Inglaterra trabalhando com 25 atletas lá que já estavam lutando no UFC e nos maiores eventos de lá.” contou.

 

Marcelo ajuda o evento Áspera Fighting Championship e dá oportunidade a seus atletas se manterem ativos no MMA - Divulgação Aspera FC
Marcelo ajuda o evento Áspera Fighting Championship e dá oportunidade a seus atletas se manterem ativos no MMA – Divulgação Aspera FC

 

A dedicação para sua equipe… e as dificuldades para lidar com toda a pressão…

 

Marcelo é visto por muitos como um grande líder mas também como um apaixonado por seu trabalho.

Investindo pesado e contratando nomes do exterior em busca de manter uma evolução em sua equipe, Marcelo revela uma receita pessoal para suportar as pressões do dia a dia.

“Eu peguei todo o recurso que tinha e coloquei dentro da equipe. Trouxe dois treinadores de fora.

Darren Till que é um dos maiores nomes do Muay Thai na Inglaterra, já treinou o Michael Bisping (lutador do UFC) e o Rampage Jackson (ex campeão do UFC e lutador do Bellator) e o Tim Ruberg que é um campeão All American e a equipe foi crescendo.

Aluguei um apartamento para a equipe como um alojamento, fechei parceria com empresas alimentícias para ajudar na manutenção da molecada.

E uma coisa legal é que outros treinadores começaram a mandar seus atletas para nossa equipe. Agora eu tenho que colocar um pé no freio porque é muita gente querendo vim.

Mas faço uma seleção muito rigorosa porque é muita gente chegando.

Eu faço terapia porque eu sou um cara muito ansioso mas todo final de ano eu estou fora.

Além da terapia eu tomo Rivotril (ansiolítico para agir contra a ansiedade, o remédio é poderoso relaxante muscular e por isso é usado muitas vezes para tratamento de insônia) e uma taça de vinho as vezes três toda noite.

Sou workholic total, se deixar eu viro a noite trabalhando.

Por causa do fuso, com os Estados Unidos, tem que ver vídeo de luta, fazer card de quatro eventos, cuidar de atleta, negociar luta. Realmente eu não paro.

Tenho a melhor mulher do mundo. Me conheceu nesse ritmo e logo que comecei a sair com ela, eu avisei que o que eu tenho de mais importante nesta vida são os meus meninos.

Quando eu tive uma lesão séria em 2007 em que eu não pude mais competir, eu passei mais ou menos por dois anos por um processo de depressão.

Cheguei no fundo do poço legal e fiquei quase 2 meses sem sair do quarto quando o médico me disse que eu não poderia mais lutar.

Eu treino sério e fazendo dieta desde os 12 anos de idade e meu sonho era ser o melhor grappler do mundo. E tudo estava dando certo até que isso aconteceu.

Então tive que que procurar outra coisa para fazer e o trabalho de treinador e eu tive o prazer de me realizar nas conquistas dos meus meninos.

Isso para mim é até uma coisa egoísta de minha parte porque eu dependo deste sucesso e conquistas dos meus meninos, porque isto me mantém minha sanidade intacta.

Porque eu cheguei em um ponto que eu desisti. Mas as pessoas ao meu redor não impediram que eu pudesse desistir.

Eu falei para ela que meus meninos é como se fosse adotados por mim e que eles são tudo na minha vida. E ela nunca reclamou pelo contrário, sempre correu atrás junto e cuidou também dos meninos.” disse Brigadeiro.

 

A família de Brigadeiro, a equipe Astra Team na cidade de Balneário Camboriú - Arquivo Pessoal
A família de Brigadeiro, a equipe Astra Team na cidade de Balneário Camboriú – Arquivo Pessoal

 

A devastadora crise de MMA Inglês… Brasil ou Inglaterra… Qual o melhor MMA?

Marcelo analisou a pedido do blog e fez um comparativo do nível dos atletas de ambos os países, contando como o país europeu tem sofrido com a baixa investida do UFC após a crise mundial.

“É bem dificil analisar porque enquanto o Brasil está anos luz a frente na parte de chão, eles estão na parte em pé.

Hoje, eles tem vários brasileiros morando lá e ensinando a luta de solo como o (Mário) Sukata que mora na mesma cidade aonde eu morei lá. É uma cultura diferente deles mas estão aprendendo muito rápido.

Como mercado, o momento que o Brasil está passando hoje é o que a Inglaterra viveu a alguns anos atrás.

Hoje, o Brasil é a menina dos olhos do UFC, o evento fazia 5 edições por ano lá, que era uma coisa muito grande por ser um país pequeno. E isso deu um “boom” muito grande no MMA local de lá.

Mas com a crise européia, o UFC meio que largou a Inglaterra de mão e está querendo retomar só agora junto com a Europa, e se focou no Brasil além dos países emergentes.

E isso praticamente “matou” o MMA na Inglaterra. Muitos poucos eventos, eventos decadentes e muitos atletas largando o esporte para fazer outra coisa e o Brasil está num momento muito mais interessante.

No Brasil temos dois extremos. Poucos eventos muito bem organizados e muita porcaria, então fica difícil saber qual o padrão para se comparar com os ingleses.

O lutador Darren Till foi um dos primeiros treinadores trazidos da Europa por Brigadeiro - Arquivo Pessoal
O lutador Darren Till foi um dos primeiros treinadores trazidos da Europa por Brigadeiro – Arquivo Pessoal

Do Vale Tudo ao MMA… O que Brigadeiro espera para o futuro no Brasil…

Marcelo está muito satisfeito com o grande crescimento do esporte no Brasil, o treinador acredita que é a grande chance do esporte se solidificar no país.

“Acho que é o grande momento para nós solidificarmos o esporte. O momento é esse.  Não tem momento melhor. Muita gente fala do UFC que é o grande criador disto.

Se não me engano serão 13 eventos este ano. Temos o XFC que já está no Brasil. Temos o World Series of Fighting que vem para o Brasil esse ano.

O Bellator que vem em janeiro de 2015 com certeza. O Titan FC também está querendo vir.  Mas se isso vai melhorar ou vai piorar vai depender muito da nossa economia.

Porque esse ano, a economia brasileira deu uma retraída forte. Mas se a gente conseguir igualar o que foi 2011, 2012, acho que o MMA explode.

Porém se a economia der aquela caída, aí complica porque os patrocinadores já tiram o pé e os eventos também tiram.

Os eventos precisam do patrocinadores e sem eles, evento internacional não vem.

Também está tendo outro problema grande para conseguir patrocínio para evento nacional agora, porque o Canal Combate que foi vendido ao UFC, fechou com um ou dois eventos só.

Somente o Esporte Interativo está abrindo agora para eventos nacionais, o que é ótimo. Mas a economia em si só vai ser determinante porque é um esporte que agrada a todo mundo.

Na Copa do Mundo mesmo vai dar uma “quebrada”. Vai ser aquele um mês e meio que vai ser bem difícil ter evento.

Existe vida fora do UFC? Marcelo acredita que sim…

O grande foco de muitos atletas é o UFC, hoje o maior evento do mundo no MMA. Porém a vida não será o fim se não houver essa possibilidade.

Segundo Marcelo, existe vida fora do Ultimate e é possível também conseguir ganhar boas bolsas lutando fora da organização americana.

“Existe sim. Existem eventos que pagam até melhor que o UFC. Eu estou sempre na torcida e também sempre ajudar os outros eventos, porque o monopólio para o MMA como negócio não é bacana.

O UFC mesmo quando tinha concorrência, até porque só agora ele está voltando a ter adversários porque ficou um bom tempo supremo.

Quando o UFC tinha concorrência do PRIDE, Strikeforce, Affliction, WEC, o UFC pagava bem melhor. E depois que o UFC começou a ter a supremacia as bolsas caíram muito.

É como se eles colocassem ou luta por isso ou não lute. Então eu sou sempre a favor de outros eventos porque acredito que isso vai ser benéfico para o esporte.

Quem dera no Brasil no futuro, os eventos possam pagar uma boa bolsa aos atletas e dar condições de acertar um contrato de duas, três lutas.

Isso vai pelo menos garantir um ano para a família do atleta com grana garantida então vamos torcer para que os eventos como o Jungle Fight, Bittetti Combat, Nitrix, Smash possam chegar neste patamar um dia.

Pelo menos com um contrato de 4 lutas nos mesmos termos que os eventos internacionais mesmo que não pagando a mesma coisa mas perto disto para que o cara tenha a tranquilidade para treinar.

O Sucesso atrapalha? Bem administrado não…

Muitos lutadores acabam chegando cedo a fama e ao sucesso em sua carreira e alguns deles podem até se prejudicar com isto.

Marcelo acredita que é possível mas com cuidados.

“Eu acho sensacional. Até porque a galera sempre fala de três nomes que para mim são os bons treinadores como o Márcio Cromado, Dedé Pederneiras e o Ricardo Libório.

Eu sem falsa modéstia me coloco nesta lista mas estes três são pessoas que eu admiro demais. Eu tenho 31 anos só. Sou muito novo para estar com essa galera toda ai.

E estar sendo considerada a melhor equipe com maior retrospecto no mundo, isso me orgulha demais.

A faixa etária dos meus meninos é muito nova, média de idade de 20, 21 anos no máximo,  uma vez por semana eu tiro uma hora, uma hora e meia para conversar com eles.

Para conversar. A gente faz como um treinamento mental, ensinamos a ter pensamento positivo, a importância de estar rodeado de uma boa energia e amar o que você faz.

E eu sempre falo para eles que os resultados positivos que a gente está tendo é devido a nossa cumplicidade.

O MMA é um negócio que envolve muito ego, muito “tapinha nas costas”, se o cara ganhar 2, 3 lutas já tem gente dando tapinha nas costas do cara e se não tiver uma pessoa que ele respeite ai já era.

Eu sou muito autoritário, e eles sabem como é que é. Eu mando e vocês obedecem. Não dou espaço para argumentação porque eu quero que eles entendam que existe um líder ali.

Se eu sou autoritário assim e eles confiam e seguem comigo é porque eles acreditam e muito no meu trabalho. E se eles estão na minha equipe até hoje é porque eu confio muito no potencial deles.

Ali é um ambiente diferenciado.  E essa energia eles levam para as lutas e isso conspira a favor. Fica tudo mais fácil.” confessa.

Marcelo no córner do lutador Alan dos Santos, no primeiro XFC em São Paulo - Crédito: MMA Sul
Marcelo no córner do lutador Alan dos Santos, no primeiro XFC em São Paulo – Crédito: MMA Sul

 

 

Surpresa com o MMA feminino…

Brigadeiro, assim como Dana White se surpreendeu com as mulheres…

Hoje, o treinador mudou completamente sua maneira de pensar e confessa ser um apaixonado pelos combates femininos.

” Eu queimei minha língua. Eu sempre dizia que não iria dar certo mas elas me surpreenderam.

Hoje sou apaixonado por MMA Feminino. Sou fissurado por lutas femininas e elas conseguiram mudar o que parecia com uma briga em uma luta.

Eu tenho 5 atletas profissionais femininas ali,  Karine Silva, Cláudia Rey, Taila Santos, Roberta Paim, Janaisa Morandin.

É muito bacana porque elas saem na mão com os homens, sem medo. E como o MMA feminino me conquistou porque eu era relutante demais, tem feito com todo mundo.

O UFC já provaram que eles são mega competentes no que eles fazem. E para eles contratarem 4 mulheres, depois levar uma divisão inteira e colocar duas mulheres em uma luta principal, é sinal que vende.

E isso reflete no MMA Nacional porque todo o card quer ter uma menina. Os promotores me ligam e todos eles me perguntam se tem uma menina.

Eu já tenho além destas cinco meninas mais duas que estão no amador e já está acontecendo.

Cláudia Rey é uma das lutadores de Marcelo Brigadeiro - Divulgação Nitrix/Valmir Silva
Cláudia Rey é uma das lutadores de Marcelo Brigadeiro – Divulgação Nitrix/Valmir Silva

TRT… Uma tremenda hipocrisia…

Para Marcelo, a polêmica sobre o tratamento de reposição do hormônio masculino, testosterona é na verdade uma grande hipocrisia.

O treinador defende uma lei igual para todos os lutadores mas não é contra o uso do tratamento.

“Para mim é uma grande hipocrisia. A grande verdade é que todo o atleta que luta em alto rendimento faz uso de anabolizantes.

Até não podemos dizer todos. Mas os que não usam são raridades.  A pessoa acaba usando e para faltando 3 semanas antes da luta para não ser pego no antidoping.

Mas o uso em si, todos usam. O TRT nada mais é do que as pessoas que tem realmente uma deficiência de produção de testosterona devido a idade.

Eu acho válido mas que seja para todos. Não apenas liberar para A e B, e o C e D não poder usar.  Até porque não existe categoria master no MMA.

Eu mesmo faço reposição de testosterona. Não tem como negar que você vive melhor, acorda melhor, treina melhor, machuca menos.

Sou a favor até porque quem critica não tem como negar que todo mundo usa anabolizantes. Testosterona e outros anabolizantes em si, então.

Ou libera para todo mundo ou proíbe e faça teste surpresa olímpico para controlar o nível do cara. É o caminho mais justo. um dos extremos.

Quando seus lutadores voltam a lutar…

Marcelo realmente está com a agenda cheia mas deixou o blog avisado dos compromissos de seus lutadores.

“O Rafael Morcego que lutaria com o Dudu Dantas pelo cinturão do Bellator mas se machucou a cravícula, ele deve lutar novamente em maio e acredito que deve pegar o vencedor do Joe Warren com o Dudu.

Tem o irmão dele, o Júlio Cezar “Morceguinho” (dono de um dos melhores nocautes do ano no Brasil) que vai estrear no Bellator, dia 18 de abril.

O Cleiton Foguete (ex lutador do TUF Brasil) que estréia no Bellator em maio. Tem o Ricardo Tirloni que ja é do Bellator e consegui uma liberação para lutar no evento Arena ( maior evento da Argentina) contra o Estevan Bonavieri.

Tem o Gilberto Galvão que é atleta do World Series of Fighting hoje, o Luis Rafael “Japinha” que é do Titan FC, Jonas Bueno, Darren Till também do Titan, Tim Ruberg e Juliano Ninja que já lutaram no TUF.

O Alexandre Sangue que também foi do TUF e agora está com a gente também e mais uns 22, 23 que ainda não estão fechados ainda. E mais uns 5 ou 6 que vão estrear lá fora também.

Acho que isso é somente o começo. Estamos germinando o “brotinho” ainda.” finalizou Brigadeiro.

Veja o combate de Júlio Cézar Morceguinho, um dos lutadores de Brigadeiro:

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