Bate Papo – Treinador de Wand, Michael Costa conta sobre carreira, TUF 19 e analisa rivalidade com Sonnen: O Wanderlei queria ir na casa dele!

Michael Costa conversa com blog e conta sua história no MMA - Arquivo Pessoal
Michael Costa conversa com blog e conta sua história no MMA – Arquivo Pessoal

 

O Planeta Octógono teve uma longa conversa com o treinador de Muay Thai de Wanderlei Silva, o lutador Michael Costa.

Michael em um bate papo com o blog, contou todos os detalhes da rivalidade entre Wanderlei e Sonnen além de falar sobre sua carreira e planos futuros.

Selecionado pelo ex campeão do UFC, Frankie Edgar, o treinador está ajudando o americano a treinar seus lutadores na próxima edição do TUF 19, edição do reality show de lutas do UFC nos Estados Unidos.

Michael revelou um drama em seu último combate, no Pancrase que teve sequelas no prosseguimento de sua carreira.

Além disso o lutador fez críticas sobre vários assuntos em uma conversa franca por telefone.

 

Amizade com Cristiano Marcello, Wanderlei, Rafael Cordeiro e mudança do Rio de Janeiro para Curitiba…

 

Membro da equipe Gracie Humaitá no Rio de Janeiro, a amizade com o lutador do UFC, Cristiano Marcello fez com que Michael Costa mudar de cidade.

Integrando a famosa equipe Chute Boxe nos tempos áureos e também nos tempos de dificuldade após a saída de seus astros, o lutador revelou que ficou sem parceiros de treino após a saída generalizada na equipe.

“A galera mais antiga já me conhece. Mas nos últimos anos muita coisa tem mudado, muito atleta novo surgindo.

Fui em 2001 para Curitiba visitar meu amigo Cristiano Marcello e acabei me mudando.  Era faixa roxa de Jiu Jitsu na época e comecei a treinar. Nove meses depois já estava estreando no Vale Tudo, no Storm Samurai.

Fui lutando, lutei o Shooto e lutei no Japão, no evento Sengoku e lutei na China também no Art of War.

Treinava lá e era na época que tinha toda a equipe, o Anderson e todo mundo estava lá. Aí depois de 8 meses teve aquele racha e todo mundo saiu.

Em 2007 para 2008, o Rafael Cordeiro saiu, indo para os Estados Unidos e depois da saída dele muita gente saiu, apesar que o Shogun, Ninja, o Wanderlei veio também para os Estados Unidos e praticamente fiquei sozinho lá.

Ficou eu, o Luiz Azeredo e o Márcio Gracinha, os únicos a ficarem lá nessa época.

Não tinha gente para treinar e ficamos sem treinador e foi bem na época que eu tinha assinado para lutar no Japão.

 

Amizade com Cristiano Marcello o levou para famosa academia Chute Boxe em Curitiba - Arquivo Pessoal
Amizade com Cristiano Marcello o levou para famosa academia Chute Boxe em Curitiba – Arquivo Pessoal

 

Admiração por Wanderlei Silva, convite e mudança para os Estados Unidos mudam perspectiva de Michael sobre o mundo das lutas, um desabafo sobre preconceito…

 

Após receber um convite para trabalhar na academia que Wanderlei Silva montou em Las Vegas, Michael agarrou a oportunidade.

Morando nos Estados Unidos, o lutador conheceu uma nova profissão além de lutador profissional: Ser treinador e formar atletas.

A mudança fez Michael olhar com outros olhos o esporte e visualizar um futuro após a aposentadoria.

“Eu já admirava o Wanderlei como lutador/atleta. Já assistia as lutas dele no IVC (International Vale Tudo Championship) mesmo quando treinava Jiu Jitsu.

Mas aí quando ele (Wanderlei) me convidou para ir morar nos Estados Unidos, eu tinha uma luta na China no Art of War, ele foi comigo para ser meu córner e voltamos e estou aqui com ele até hoje.

Sendo treinador de Muay Thai, de MMA e conseguimos fazer um bom trabalho aqui.

Foi minha primeira oportunidade de pegar pessoas que nunca tinham feito lutas na vida e fazer das mesmas, um lutador amador e depois profissional.

Era uma coisa nova para mim mas ao mesmo tempo gratificante, eu não sabia que tinha talento para fazer isso e descobri que poderia fazer tudo isso com amor.

Poder ter a oportunidade de mostrar para as pessoas tudo aquilo que nós aprendemos. Isso mexeu muito comigo.

Sei que tenho muita coisa para aprender ainda, como atleta e também como treinador, porque eu ainda quero lutar muito.

Sempre fui CDF assim de treino, sempre me mantive treinando, nunca parei de treinar.

Tive um aprendizado muito bom porque sempre reparei muito as pessoas. O Anderson mesmo,  eu via o jeito dele treinar, a forma como ele fazia as coisas, como ele era técnico e inteligente.

Também olhava o Shogun que era um cara que eu admirava muito. Shogun era jovem e tinha muita potência e versatilidade. Além do Wanderlei que era agressivo e tinha explosão.

Mais para frente quero aprender mais, ir para a Holanda treinar com as feras do Muay Thai, aprender mais.

E fazer com que meus atletas não deixem a desejar em nada comparado com outras equipes, dar um bom treino e principalmente ser um treinador que se preocupa mais com o atleta.

Quero estudar os atletas e ter um primeiro, segundo e terceiro plano nas lutas para que meus atletas não fiquem sem saber o que fazer na hora.

Sobre minha mudança para Las Vegas, eu acho que as vezes as pessoas gostam de mostrar dificuldade nas coisas, contar uma história triste mas na verdade eu acho que a única dificuldade é você estar longe de sua família e amigos.

Para uma pessoa que quer vencer na vida a dificuldade na língua não é nada. Para mim não foi. Isso vai te fortalecer, vai te fazer querer ficar grande.

Muita gente reclama falando de patriotismo. Para mim ser patriota é amar sua família seus amigos.

Toda vez que vou visitar minha família e meus amigos no Brasil está tudo igual. O salário não muda e enquanto isso o Governo rouba na cara dura.

As pessoas dizem que o Brasil está melhor para se viver, mas sempre vejo os preços das coisas aumentando e nosso salário não.

Eles fazem coisas para poder cegar as pessoas, Copa do Mundo, Olimpíada mas as pessoas pobres estão lá, sem cultura.

Não dão cultura para os pobres, porque querem que eles fiquem cegos porque se aprenderem com certeza, vão tirar todos eles de lá.

As pessoas ficam julgando, mas antes de julgar é preciso saber a história de cada um primeiro.

Quando eu estava lá, eu não tinha suporte e não conseguia viver apenas como atleta.

Agora com o UFC, tá tudo bonito, com o crescimento do UFC no Brasil.

Na época antiga as pessoas tinham preconceito a nossa profissão, chamavam a gente de “Vagabundo”, olhavam com olhar torto.

Aí quando você tem uma oportunidade de trabalhar as pessoas vem com esse papo de patriota.

Quando vou lutar eu deixo bem claro que sou brasileiro. Mas eu tenho que defender minha família e meus amigos.

É do meu trabalho aqui no Estados Unidos que eu tenho condição de mandar um dinheiro para minha família.

Porque se eu estivesse lá, era uma coisa que eu não poderia fazer. No dia que o Brasil me der isso, é claro que vou querer morar lá.

 

Amizade de Michael e Wanderlei dura mais de 12 anos - Arquivo Pessoal
Amizade de Michael e Wanderlei dura mais de 12 anos – Arquivo Pessoal

 

Amizade com famoso lutador japonês Kazushi Sakuraba…

 

Michael também ficou amigo de um dos maiores lutadores do MMA japonês, Kazushi Sakuraba.

O contato com Sakuraba segundo Michael ainda permanece mesmo com as dificuldades de idioma que ambos tinham na época.

“O Sakuraba me ligava do Japão e eu não entendia nada o que ele falava. Era 20 minutos no telefone e era muito engraçado. Mas agora eu falo direto com ele pelo Viber (sistema de ligações via internet).

Ele fala inglês mas não gosta muito de ficar falando em outro idioma. Mas ele fala.” contou Michael.

 

Michael na Chute Boxe com Sakuraba, amizade dura até hoje  - Arquivo Pessoal
Michael na Chute Boxe com Sakuraba, amizade dura até hoje – Arquivo Pessoal

 

Críticas aos lutadores atuais e suas posturas quanto ao futuro…

 

Preocupado com o futuro dos lutadores, Michael fez um alerta.

Segundo ele, muitos lutadores de hoje apenas focam o presente e se esquecem de pensar no futuro.

“Antigamente você era tão motivado com a carreira de atleta que você não tem tempo para pensar, se você vai ser alguma coisa ou não. Pensa que vai ser atleta para o resto da vida.

É um grande erro que vejo hoje em dia. Muitos lutadores que estão no UFC atualmente, muitos deles só treinam para lutar.

Não dão aula, não fazem outra coisa. Imagine um cara que faz duas lutas no ano.

O mesmo não tem muito nome, deve ganhar ali cerca de 8 a 12 mil (dólares) se ele tiver sorte.

Aí você recebe 10 mil dólares, paga 30% de imposto, ai o dinheiro vem na sua mão, você tem que pagar seu treinador, suas despesas de treinamento e os 6 meses que você ficou parado sem trabalhar?

Nesse tempo aí, o cara fica sem dinheiro. Mas tem muito cara que fala “Quero só lutar”. Se você é patrocinado, muito bom. Mas isso é uma coisa (oportunidade) que no meu caso eu nunca tive.

Sempre precisei trabalhar e nunca pude apenas ficar só treinando. Mas não mata não. Ele dá aula, aprende as técnicas e faz aquilo todo dia.

Com o dinheiro das aulas você sobrevive e o dinheiro das lutas você guarda para investir no seu futuro.

Então falta um pouco de orientação para o atleta, estão virando atletas de futebol que ficam “duros” e a galera pergunta: Mas esse cara jogava no Corinthians e está assim, sem dinheiro.

Era o cara da época mas não tinha cabeça e ninguém para dar uma orientação.

Tem treinador que arranja a luta para os caras mas nem um gameplan (estratégia) faz. Não estuda o adversário. Na própria bíblia diz que para você ir para uma guerra você tem que conhecer teu adversário.

Essa é a diferença entre o americano e o brasileiro. O brasileiro tem garra, coração e treinam muito mas os americanos estudam e sabem até a hora que você vai piscar, ele sabe de tanto ver o vídeo da tua luta.

 

Segundo Michael, lutadores da atualidade precisam pensar no futuro -  Divulgação UFC/Josh Hedges
Segundo Michael, lutadores da atualidade precisam pensar no futuro – Divulgação UFC/Josh Hedges

Alerta e pedido de ajuda a atletas que não tem oportunidade no MMA…

 

Michael analisou o crescimento que o esporte está tendo no Brasil. Porém o lutador faz um alerta e pede ajuda para os atletas que não são conhecidos e que não tem oportunidade de aparecer no cenário do esporte.

“O MMA mudou, cresceu. Isso não tem o que falar. Tenho acompanhado muitos moleques que são do nordeste, de outros países que estão abafados ainda.

Que ninguém dá suporte, se você tá na mídia, você tem suporte, ajuda. Isso para mim não é crescimento.

Isso na minha visão não é crescimento porque no meu ver em outros países, você está na escola, na universidade você tem apoio.

Se você for o melhor atleta, você não paga universidade, e você vai treinar tendo a chance de poder ir para um clube grande, como no caso do basquete, do futebol.

Esperar estar na mídia para as pessoas apoiarem, isso é mole.

Mas se você for para os bairros carentes do Rio, de São Paulo ou do Nordeste, você vai encontrar muito cara bom. E estes mesmos com dificuldades conseguem ainda treinar em um bom nível.

Mesmo sem ter nada, sem nenhum apoio.

Para mim, o MMA só vai estar crescendo quando o lutador tiver suporte com um sindicato, aposentadoria e apoio do Governo.

Até porque se o cara se machucar depois de 15 anos e não poder lutar mais, acabou a carreira.

E a partir daí, ele não vai ter mais nada, sem seguro desemprego e se isso acontecer você vai entrar no sistema do Brasil como um fantasma porque para o Governo você não existiu como trabalhador.

A unica chance do cara poder fazer dinheiro é quando ele estiver lutando, porque pode esquecer aposentadoria.

Suporte mesmo vai ser quando o Governo olhar para nós, montar escolas de MMA, pagar uns caras bons para treinar mas caras de qualidade e não qualquer um, aí sim eu vejo um crescimento.

 

Lutador dá aulas em academia de Wanderlei Silva em Las Vegas - Arquivo Pessoal
Lutador dá aulas em academia de Wanderlei Silva em Las Vegas – Arquivo Pessoal

 

Wand vs Sonnen… A visão de quem está nos bastidores…

 

Michael tem acompanhado de perto todo o desenrolar da rivalidade entre Wanderlei Silva e Chael Sonnen.

O treinador admite que já sabia que o combate iria acontecer e conta como tudo aconteceu.

“Nós sabíamos que iria acontecer um mês antes. Mas aguardamos um anuncio do Dana White.  O Wanderlei fez tudo aquilo, gravou os vídeos e tudo.

Mas te garanto que eles não se gostam de verdade. E tudo aquilo não foi armado não. Até no evento do Mr. Olímpia, quando eles se encontraram tudo foi filmado.

Porém o Wanderlei mandou filmar tudo mesmo e levou os seguranças do evento avisando para segurarem ele se caso perdessem o controle da situação.

O Wanderlei promoveu o combate como o Sonnen também. Hoje os tempos mudaram. O Sonnen mesmo é um lutador que mais promove do que luta.

E ele não é esse atleta todo com esse nome que a luta está tendo. Tudo isso foi devido ao marketing que ele faz.

E o Wanderlei está certo de também fazer esse marketing porque foi por causa disso que ele conseguiu promover e conseguir a luta.

A galera não está vendo que isso aí vai ser muito bom para o esporte no Brasil, vai fazer o esporte crescer muito no Brasil essa rivalidade deles.

Mas a rivalidade deles é de verdade. Eles não se gostam e o Wanderlei queria ir até a casa dele em Oregon. Aparecer na casa dele lá.

Deu para ver a tensão deles ali. O Chael Sonnen chegou a ficar branco mas não foi armado não. A única coisa que o Wanderlei fez foi mandar gravar tudo.

 

Veja o vídeo da discussão entre Wanderlei e Sonnen:

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Drama no Japão sem ajuda de evento japonês Pancrase…

 

Em sua última luta como profissional, Michael lutou no evento japonês Pancrase.

Após machucar a mão no primeiro soco da luta, Michael prosseguiu no combate e foi até o final.

Porém sem ajuda médica, o lutador revela ter tido problemas durante o evento e após precisando de ajuda de amigos para conseguir uma operação no Brasil.

“Eles não me ajudaram em nada. Não pagaram o seguro e quando eu pedi para ir para o hospital eles disseram para eu ir no médico nos Estados Unidos.

As luvas eram usadas, secas e velhas e minha mão estava presa. Não conseguia tirar a luva porque tinha quebrado a mão.

Quando falei com o evento eles disseram que eu teria que ficar no hospital e não iriam me pagar a passagem de volta e não me levaram no médico.

Então voltei para os Estados Unidos e até hoje não consegui manter o processo de fisioterapia porque aqui, tudo é muito caro.

Precisei de ajuda de amigos no Brasil que me arrumaram uma operação porque estava pensando em parar de lutar.” disse o lutador.

 

Trabalho no TUF 19…

 

Michael foi escolhido a dedo pelo lutador americano Frankie Edgar, que enfrenta o compatriota BJ Penn na próxima edição do reality americano.

Sem poder contar muito sobre os detalhes por cláusulas no contrato, Michael contou como foi o convite de Edgar e acredita que a luta entre os americanos deve ser no peso leve.

“O BJ está levinho. Mas acho que vai ser no 155 (70 kg). O Edgar é um garoto muito focado, sabe bem o que está fazendo.

Nosso trabalho aqui é fazer campeões. E queremos que nossos lutadores possam chegar a final do programa e vencer.

O Frankie me pediu para treinar a parte de Muay Thai da equipe e estou ajudando a todos. Eu rolo com os caras. Trabalho bastante com eles.

 

Conheça o lutador Michael Costa:

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