Derby terminou com empate, mas o Palmeiras foi quem perdeu – fora de campo

Chú foi contratada pelo Palmeiras no início do ano (Foto: Mariana Sá/CBF)

Futebol feminino é resistência.

Sei que soa clichê falar assim, mas é verdade.

Em uma sociedade machista como a nossa, ser uma mulher em campo é, sim, um ato de coragem. Coragem essa que também está presente nas veias de LGBTQIA+, no país que mata um deles a cada 26 horas.

Na era do cancelamento, é difícil não cancelar quem “cancela”.

E quando isso diz respeito à vida – e a morte – é preciso falar sobre.

No último domingo, as vésperas de derby pelo Brasileiro feminino, a atacante Chú, do Palmeiras e da Seleção, fez um comentário ofensivo nas redes sociais.

A postagem comparava o vereador Irmão Lázaro e o ator Paulo Gustavo. O primeiro, descrito no post como “evangélico, cantor gospel e servo de Deus”, o segundo, “umbandista, ator e homossexual”. Ambos foram vítimas de complicações da Covid-19.

“Morreram pelo mesmo vírus, a diferença é: que um Lázaro foi para o céu e Paulo Gustavo para o inferno”, escreveu Chú, em um infeliz comentário.

E aí, claro, foi preciso pedir desculpas. Mais tarde, ela postou um vídeo dizendo que, assim como tinha “peito” de comentar, tinha também “coragem e caráter” para se desculpar.

“Podem ter certeza que não vai mais acontecer. Foi um impulso que acabou gerando esse comentário. Quero pedir desculpas para todos vocês, se atingiu alguém de alguma forma, se não foi do agrado. Quero pedir desculpas, e não só desculpas, mas quero que vocês também me perdoem”, afirmou a atleta.

O Palmeiras também precisou se posicionar. O time da campeã mundial afirmou que o assuntou foi tratado internamente e ela foi “orientada” para adequação do seu comportamento.

Torcedores e ídolos da modalidade falaram sobre a situação. Sem citar Chú, Marta usou seus stories para falar do episódio.  “Ninguém pode julgar ninguém, quem vai para o céu ou para o inferno”, afirmou a rainha.

A goleira Jully e a meia Ary Borges, companheiras de time de Chú, também repercutiram o comentário. Cris, por sua vez,  falou de falso moralismo.

“Em meio a tantas lutas, preconceitos e piadas que nos fazem mal, temos uma atleta do nosso meio que, sem o mínimo de respeito e amor ao próximo (que é isso que Deus deseja a todos), vem com seu falso moralismo, julgando e atacando as pessoas”, escreveu Cris.

O caso aconteceu horas antes de o Palmeiras entrar em campo para duelar contra o Corinthians. Antes do jogo, “toda forma de amor”, de Lulu Santos, ecoou no estádio. Tapa com luva de pelica.

No derby, o resultado foi um a um. Mas o Palmeiras saiu perdendo – fora de campo.

2 comentários

  1. Atraente senhorita Fernanda Silva!
    Muito adequado o seu comentário, ao qual não existe nada a se acrescentar, além de uma observação. O futebol feminino está se desenvolvendo como o masculino. Por isso deveria ser mais prestigiado. Independentemente do fato de as jogadoras no campo apresentarem um visual muito mais gratificante para os olhos, elas jogam um futebol gracioso e vejo que elas (são exceções, é verdade) podem também apresentar a mesma falta de cérebro, como no masculino, no momento de fazerem comentários online. Desculpar-se é naturalmente positivo, o ideal seria nem terem motivo para se desculpar. Você atirou na mosca: o Palmeiras, fora do campo, tomou uma goleada.
    Abraço fraterno, MEMIL

  2. Atraente senhorita Fernanda Silva!
    Muito adequado o seu comentário, ao qual não existe nada a se acrescentar, além de uma observação. O futebol feminino está se desenvolvendo como o masculino, por isso deveria ser mais prestigiado. Independentemente do fato de as jogadoras no campo apresentarem um visual muito mais gratificante para os olhos, vejo que elas (são exceções, é verdade) podem também apresentar a mesma falta de cérebro, como no masculino, no momento de fazerem comentários online. Desculpar-se é naturalmente positivo, o ideal seria nem terem motivo para se desculpar. Você atirou na mosca: o Palmeiras, fora do campo tomou uma goleada.
    Abraço fraterno, MIMIL

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