Do câncer ao Ironman, a trajetória de um tatuador que encontrou no esporte um novo sentido para viver e uma causa para defender.

À primeira vista, Gustavo Teixeira parece apenas mais um triatleta concentrado em seus treinos de natação, corrida e ciclismo. Mas, por trás de cada braçada, pedalada e passada, existe uma história de superação: ele enfrentou o câncer, passou por transplantes de medula e tratamentos complexos, e encontrou no esporte uma forma de recuperar não só o corpo, mas também a esperança.

Diagnosticado em 2007, Gustavo passou por dois transplantes de medula, múltiplas sessões de quimioterapia, radioterapia e, atualmente, imunoterapia. Em 2018, uma polineuropatia afetou seus quatro membros, causando formigamento, fraqueza e dificuldade para se movimentar. “Eu pulava e caia no chão, me falaram que tinha como melhorar, mas não curar”, lembra.

Foi justamente nesse período que o esporte entrou em sua vida como ferramenta de recuperação. Gustavo iniciou um tratamento aliado à alimentação, RPG, pilates e academia, que aos poucos começou a fazer diferença no seu corpo e na sua saúde. Motivado, ele retomou corrida, natação e ciclismo, e sentiu a transformação: “Cada treino era uma vitória. Meu corpo reagiu e minha saúde melhorou de forma que nem eu imaginava”, conta.

Dessa experiência nasceu o projeto Esmagando o Câncer no Triathlon, que leva uma mensagem de esperança e ação: inspirar pacientes, familiares e toda a sociedade a se movimentar, cuidar da saúde e, principalmente, doar sangue, plaquetas e medula óssea. “Essa é a bandeira que eu carrega: mostrar que mesmo diante de desafios enormes, sempre é possível fazer algo que salva vidas”, afirma Gustavo.

A rotina de treinos

Com a prova do Ironman 70.3 se aproximando em setembro de 2025, Gustavo segue uma rotina estruturada que prioriza a saúde e a recuperação do corpo:

• Segunda, quarta e sexta: corrida ou bicicleta — algumas vezes os dois combinados;
• Terça e quinta: natação;
• Sábado: treinos longos, focados em resistência e preparo mental;
• Domingo: recuperação ativa.

A intensidade dos treinos varia conforme o calendário das provas. Com o Ironman a poucas semanas, a intensidade diminui, evitando lesões e garantindo que o corpo esteja pronto. “É um equilíbrio entre desafio físico e cuidado com a saúde. O triathlon se tornou mais do que um esporte para mim, é uma extensão da minha recuperação”, explica.

Saúde em primeiro lugar

O acompanhamento médico é essencial. Gustavo é orientado pelo médico do esporte Dr. Bruno Sthefan, que monitora seu progresso e ajusta treinos para garantir segurança e eficácia.

“O caso do Gustavo mostra como a atividade física pode ser uma aliada poderosa na recuperação de pacientes. Ela fortalece músculos, melhora a resistência e contribui para o equilíbrio mental, mas sempre respeitando limites individuais. Nosso objetivo é unir performance com segurança”, afirma Dr. Bruno.

O futuro e o legado

Além do Ironman 70.3, Gustavo já planeja participar dos Jogos de Transplantados das Américas em 2026 e sonha disputar o Mundial da categoria. Paralelamente, finaliza a revisão do seu livro, que será lançado no evento Tattoo Week, aproveitando a conexão com a sua profissão de tatuador. A obra reúne relatos da sua trajetória e reforça a importância da saúde, do movimento e da doação de sangue, plaquetas e medula, bandeira que ele carrega com orgulho.

“Quero mostrar que mudar hábitos, cuidar do corpo e se movimentar pode transformar completamente a vida de alguém. O esporte entrou na minha vida para ajudar na recuperação, mas acabou transformando tudo o que sou hoje. Minha história é prova viva disso, e minha missão agora é inspirar outros a fazerem o mesmo e a salvar vidas”, conclui Gustavo.