Um trecho de um novo livro aventureiro

O texto que hoje reproduzimos foi compilado do prefácio de um livro sobre a AVENTURA. O autor, professor João Batista Freire, aponta e nos provoca a pensar nas oportunidades de viver que, por vezes, não possibilitamos à vida de nossas crianças escolares.

 

“O skate libertador se apresenta, portanto, como uma proposta que através do ensino dessa manifestação, seja possível uma experiência de aprendizagem para o empoderamento das mulheres, já que determinadas práticas corporais são negadas a elas, sendo o skate uma dessas”. Exatamente! Por que não o skate na escola? É porque a criança pode cair, ralar o joelho, machucar um dedo da mão? É porque ela pode correr riscos? Não, é porque ela precisa correr riscos, é porque ela vai assumir um papel importante na sociedade, é porque ela vai enfrentar as dificuldades próprias de quem terá que construir um mundo melhor para todos nós. É porque o skate talvez ensine mais a viver numa sociedade melhor que centenas de horas de confinamento em carteiras que ensinam a sentar e nunca mais se levantar.

Levar as práticas corporais de aventura para a escola é transgredir a norma dos currículos? Espero que sim. A norma precisa ser transgredida. Passamos tempo demais, séculos, observando a mulher sendo agredida na escola, observando a criança sendo agredida na escola. Portanto, nada mais saudável que transgredir o que agride tanto.

Temos que subir pelas paredes, fluir pelas rampas de cimento, experimentar a sensação maravilhosa da vertigem, pois que não estamos na escola apenas para clonar Gregor Samsa, o personagem do livro de Kafka, aquele que a rotina transformou num inseto gigante. Estamos na escola para aprender a viver, e isso não se aprende vivendo numa redoma, cercado de burocracia por todos os lados, mas em contato direto com a natureza, com as pessoas e suas invenções. Temos que aprender a viver para gostar da vida e entender que viver é nosso maior compromisso ético, mas não uma vida qualquer, e sim aquela que promove a humanização. Aprender para respeitar a vida, aprender para respeitar o outro, aprender que não existe o eu se não existir o outro.

Aprendendo práticas corporais de aventura na Educação Física: da escola a universidade, organizado por Francisco Finardi e Carla Ulasowicz, em breve estará e sua estante.

 

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