Escolas do Japão e a corporiedade

Meu afilhado acaba de chegar do Japão em visita de curta duração e, no momentos em que pude com ele dialogar, ele fala português, japonês e aprende inglês na escola em que estuda.

Não falamos muito da Educação Física, mas pudemos falar um pouco sobre o dia a dia na escola. Os alunos passam boa parte do dia na escola, convivem com colegas, dividem espaços e responsabilidades que, em nossa cultura, são considerados de forma equivocada. Aprendem desde a mais tenra idade a assumir responsabilidades com e no grupo, valorizam o meio ambiente, são incentivados a assumir funções que em nossa cultura seriam compreendidas como submissão ou tarefas humilhantes como por exemplo: servir os colegas, lavar louças, limpar o piso entre outras.

A proposta educacional tanscende aspectos meramente funcionais. Aprendem a conviver com as pessoas, meio ambiente e sociedade como um todo. Assumem responsabilidades, desde muito cedo sabem a importância do meio ambiente em suas vidas. As mesas têm cinco lugares, não apenas para agrupar pessoas, mas cada uma delas durante a semana (cinco dias não por acaso). A cada dia da semana cada aluno(a) assume responsabilidades com o grupo da mesa. A professora, a cada semana troca os membros do grupo de forma a que todos passem por experiências distintas com os colegas. Em nossa cultura os alunos sentam-sempre na mesma carteira, falam com o mesmos colegas, não praticam a alteridade e não convivem com as diferenças.

Explica-se, desta forma, entre outras, que nossas crianças são submetidas diariamente às mesmas relações e o estabelecimento de exclusão entre grupos.

Podemos superar isso, basta que tenhamos olhares distintos para e sobre a educação.

O garoto Julio Nishida Tenshi de Souza e seus professores

2 comentários

  1. Tudo o que foi dito é verdade. Alguns conceitos são bem diferentes comparando as escolas brasileiras e japonesas. Acho que a principal delas é a integração e a responsabilidade com a coisa pública (carteiras, banheiros, etc).
    Mas existe também um lado negro. A incompreensão do grupo, incluindo professores, quando alguém é um pouco diferente, seja na nacionalidade, na cor da pele, nas ondulações dos cabelos. Apesar do esforço cotidiano dos envolvidos na questão, a indiferença com os não nativos é enorme.
    O Japão é um dos países mais homogêneos do mundo, e eles são orgulhosos por serem “puro sangue”. Uma loira, ou olhos azuis são discriminados. A escola do meu filho exige que as meias sejam sempre brancas, e os cabelos precisam ser pretos, independente da nacionalidade. Um dinamarquês teria muita dificuldade de estudar por aqui. Eles buscam a integração nas salas de aula e as compreensões das diferenças porque na sociedade essas virtudes são escassas.
    Os adultos não fazem questão nenhuma de integração, e tão pouco estão preocupados com as diferenças individuais que podem resultar em discriminação.
    As coisas nas escolas estão relativamente controladas, mas na sociedade, não.

    1. Prezado Edison
      Maravilhoso comentário. Vivi esta realidade que retrata em seu comentário.
      Por outro lado, vi escolas especialmente construídas para atender pessoas com necessidades especiais. As crianças que frequentavam a escolar regular em um período tinham, em outro, a oportunidade de serem atendidas de forma a melhor se saírem no mundo real que devem viver (a escolar regular, por exemplo). Preconceito, que é o que relata, é, infelizmente algo presente em várias culturas. Não é?
      Gostamos muito de suas mensagens e, que tal, escrever e relatar mais sobre a Escola e a Educação Física no Japão (aquela que é para todos os alunos) e nos brindar com seu conhecimento e análise? Estamos esperando.

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