
Por vezes, jornalistas abusam do uso do termo “histórico”. Afinal, cada GP terá sempre uma interessante estatística para ser lembrada por muitos anos. Mas a prova de 2019 realizada ontem em Interlagos certamente pode garantir o título de “histórica” sem o risco de parecer exagerada.
A começar pelas homenagens a Ayrton Senna: 25 anos depois da perda do grande ídolo mundial, os grandes campeões prestaram sua reverência, como Lewis Hamilton, um conhecido fã de Senna, e Sebastian Vettel, que fez uma visita surpresa ao Instituto Ayrton Senna na véspera da corrida e desfilou no paddock com a pulseira “No Pulso do Brasil” em homenagem ao piloto brasileiro.
No domingo, o público vibrou com Bruno Senna levando a McLaren Honda de 1988 com a qual seu tio venceu o primeiro título mundial na F1. Mais de 158 mil pessoas estiveram na arquibancada (somando os 3 dias de evento), no maior público do GP desde 2001, mostrando que o automobilismo segue em alta mesmo sem nenhum representante brasileiro no grid.

Na corrida, um pódio inédito não apenas pelos pilotos mas também pela idade dos presentes: foi o mais jovem da história, superando o da Itália 2008, quando Vettel venceu pela Toro Rosso. E foi o mais jovem vencedor da história da F1, Max Verstappen, que levou a melhor no duelo com as Mercedes e as Ferraris – estas duas acabaram se tirando da corrida após o toque entre companheiros de equipe.
E a Toro Rosso viu o primeiro pódio do francês Pierre Gasly, justamente aquele piloto que foi “rebaixado” da equipe principal Red Bull para que Alexander Albon fosse promovido. E a dobradinha dos motores Honda mostra que os “humilhados” de um tempo atrás conseguiram a redenção.
O mesmo pode ser dito da McLaren, que não subia no pódio desde 2014. Na verdade, Carlos Sainz não subiu no pódio na cerimônia oficial, junto com os dois primeiros, já que Hamilton estava em terceiro e só foi punido depois da corrida por conta do toque com Albon. Melhor para a equipe inglesa, que acabou “monopolizando” todo o pódio para comemorar o feito do espanhol, que largou na última colocação em Interlagos, mostrando como a corrida foi emocionante e imprevisível até o final.

“Deveriam ter pelo menos umas cinco corridas do ano em Interlagos”, brincavam os presentes após a corrida. E o domingo que começou com homenagens a Senna com a McLaren Honda viu dois pilotos com motores Honda fazendo uma inédita dobradinha e com o primeiro pódio da equipe McLaren em cinco anos. A história foi feita – e com coincidências incríveis. É tudo que a F1 precisa.