São Paulo x Palmeiras: ainda sobre o controverso penal

Em nossa última coluna, analisamos o lance apenas com base no conteúdo da regra, afirmando que há possibilidade de inexistência de falta, mesmo havendo contato físico e prejuízo tático. Para tanto, dissemos que poderia não haver infração se não houvesse imprudência, que se caracteriza pela previsibilidade de um fato danoso e pela ausência de cuidado para evitá-lo, em especial por conta de contato decorrente da queda. Dissemos que precisaríamos de um vídeo com ângulo aberto, para possibilitar a análise do completo movimento do jogador do Palmeiras. Assim, agora, diante de um vídeo esclarecedor, concluímos que, de fato, houve infração.

Pela primeira tomada do indicado vídeo que recebemos, supõe-se que gerado pelo São Paulo, percebe-se que o escorregão não afasta de todo a previsibilidade da queda, em especial porque o defensor veio com seu corpo inclinado e não na direção da bola, como seria natural, mas do oponente que foi atingido. Diante disto, entendemos que não houve cautela e que o penal se caracterizou. O árbitro, desse modo, analisou mal o contexto do lance e o VAR, que tinha replay do movimento completo do defensor, talvez não tenha se posicionado com a clareza que deveria.

A CBF não divulgou o áudio do lance. Que pena, pois esta omissão nada constrói. É oportuno dizer, entretanto, que a conclusão de ter havido o penal nesse lance não afasta o princípio de que um contato em razão de queda inevitável de um jogador não possa excluir a existência de falta. Estamos coerentes em nosso raciocínio. Desculpem-nos por assim nos expressarmos.

Mas a análise deste lance não deve parar por aqui. A questão, agora, é saber se um árbitro que se houve tão bem no jogo muito nervoso entre o Flamengo e Cruzeiro na 4a. feira, além de em diversos outros, já a partir do domingo imediato necessite de treinamento por conta de um lance mal analisado. Estaria a CBF, por meio de sua Comissão de Arbitragem, agindo apenas politicamente, em lugar de compreender o erro de seu bom árbitro e de lhe dar apoio? Pilatos não atuou só em Roma, reecarnoou-se no futebol brasileiro.

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