Nos jogos de sexta-feira e sábado, dias 1 e 2 de novembro, alguns lances merecem registro, menos pela complexidade das decisões e mais, bem mais, para demonstrar que critérios bem definidos facilitam a arbitragem e, sobretudo, dão estabilidade às competições. Comecemos pelo penal marcado a favor do Grêmio contra o Fluminense, que, de tão claro, sequer comporta análise. Não obstante, uma ponderação se impõe sobre as consequências da deplorável postura do “disciplinado” Felipe Melo, pois o mundo do respeito deseja saber como o STJD e o próprio glorioso Fluminense agirão.
Já no jogo da Série B, desse sábado, o penal marcado para o Santos contra o Vila Nova, que foi tão claro quanto o marcado contra o Fortaleza no jogo com o Palmeiras, pois em ambos os defensores empurraram os atacantes usando o braço em em suas costas, igualmente não mereceria comentário. Todavia, apesar de ambos os lances terem sido indiscutíveis, de modo inexplicável, a Comissão de Arbitragem da CBF suspendeu o árbitro e o VAR da partida do Fortaleza com o Palmeiras, tanto por conta desse penal, como do cometido por Picachu, do Fortaleza, que, com muita esperteza, girou seu corpo, exatamente para cortar com o braço a trajetória da bola, à semelhança do penal marcado a favor do Atlético-MG contra o Vasco, pela Copa do Brasil. Aqui o defensor inclinou o corpo, lá o corpo foi girado, mas ambos para interceptar a bola. Por consequência, é de se perguntar: será que esse penal marcado a favor do Santos também vai provocar suspensão do árbitro e do VAR? Claro que não, pois esse jogo não gerou o barulho que houve entre Palmeiras e Fortaleza, até por ser certo que as punições aos árbitros têm sido motivadas mais pelas reclamações e menos pelos erros em si. Por causa dessa fraqueza e incongruência da Comissão de Arbitragem, questiona-se quando Wilson Seneme vai ter força e autonomia para respeitar as decisões em lances sutis, salvo claramente equivocadas? Também perguntamos quando nossa arbitragem será dirigida com a devida firmeza, para, em lugar de suspender os árbitros, em razão de gritos dos “grandes”, acolhê-los e orientá-los com critérios bem definidos?
Também merece igual censura a ABRAFUT, por se quedar silente diante dessas e outras indevidas punições a árbitros. Isto, contudo, já era esperado, pois tal entidade, que foi criada pela CBF e não por iniciativa dos próprios árbitros, tem o objetivo político de esvaziar ou eliminar a ANAF, que tem combatido a atual gestão da entidade. Além desses vícios de concepção e de finalidade, a ABRAFUT não atuará também porque seus gestores não têm autonomia, por serem árbitros em ativadade e, portanto, sem qualquer independência técnica e associativa para posicionar-se com lhe seria de dever. Para finalizar a rodada, registramos que a arbitragem de Rafael Klein em Flamengo X Atlético MG, pela 1a final da Copa do Brasil, só não foi irretocável por conta da tolerância com Hulk ao final do jogo, pois o principal embaixador de reclamação das arbitragens de nosso futebol exagerou na dose e na insistência em reclamar de um suposto penal ao término da partida, mas que não houve, porquanto o contato entre os jogadores foi corpo a corpo, de costas e sem uso dos braços para empurrar. Haverá uma luz no fim do túnel para nossa arbitragem?