Dá prazer assistir aos jogos desse Flu do Diniz, meu! Bola no chão, bem trabalhada em passes exatos, sucessivos, tanto faz se pelas pontas ou por dentro, sempre em direção à meta adversária, marcação avançada, enfim o verdadeiro futebol moderno, eterno, ao contrário do que a imensa maioria dos nossos comentaristas gosta de apregoar nestes tempos repletos de ódios sob a sombra da mais escura ignorância em todos os setores da nossa sociedade.
A turminha gosta de retalhar os esquemas de jogo, como não se tratasse apenas da velha retranca disfarçada em novidade, virtual algoritmo desses aplicativos de match-play na tv.
Nada disso. Faz-me lembrar um encontro com o saudoso 71, o Joao Avelino, na avenida Paulista, coisa de vinte anos atrás, na tarde de um jogo entre Corinthians e Briosa. Depois dos abraços costumeiros, 71 me perguntou se eu iria ao Pacaembu à noite ver o jogo. Respondi que não. Com um meio sorriso malandro disse-me
-Pois vais perder a chance de conhecer a tática da galinha.
-Tática da galinha?
-Isso mesmo. Junto o pessoal no meio de campo e eles ficam ali ciscando até que um dispara – goool!
Na verdade, o Fludiniz não fica ali ciscando no meio de campo até que um jogador dispare pra receber a bola na cara do gol.
Ele simplesmente vai envolvendo o inimigo com rápida e certeira troca de passes, sempre avante, quase nunca olhando pra trás, a exemplo do que Guardiola faz com seus times, mesmo com jogadores de menor expressão, alguns deles desprezados por treinadores que o precederam.
O melhor exemplo é Ganso, que nesta noite de sábado ficou no banco, poupado para o jogo de ida das semifinais da Copa do Brasil, ou do uruguaio Michel Araujo, que entrou no finzinho pra dar aquele passe na medida a William Bigode, que encerrou a goleada sobre o Coritiba por 5 a 2.
Enfim, o Fludiniz é um desses casos emblemáticos e raros no nosso futebol que encanta no trato com a bola e obtém resultado, esse deus da modernidade insípida em vigor por estas terras tapuias.