Goleadas na Libertadores. Só o Peixe, oh!

Foto: Juan Ignacio Roncoroni/AFP

Cinco brasileiros entraram em campos da Libertadores nesta noite de terça-feira, e só um saiu carregando o fardo da derrota – o Santos, que perdeu por 2 a 0 para o Boca, lá, com direito a gol de Tevez, lembra?

Pudera!, o Peixe era um bando de moleques, tirando-se Marinho, já sem Soteldo, negociado com o futebol americano, e sem técnico, pois o argentino Ariel Holan pediu o boné outro dia, saturado das cobranças prematuras da torcida.

Entre os vencedores, três goleadas e um placar apertado – o do Galo, que venceu em casa o América de Cali por 2 a 1, enquanto o Inter derrotava o Táchira por 4 a 0.

A maior de todas as goleadas foi, porém, a mais esdrúxula: 5 a 0 para o Palmeiras.

Foto: Andre Penner/AFP

Visto assim, até parece que foi um passeio do Verdão no Parque diante do Independiente Del Valle. Que nada! o Palmeiras, do início ao fim, se trancou lá atrás e, em meia dúzia de pontadas, foi construindo a goleada que lhe assegura a liderança da chave A e injeta um moral extra nesse time e em seu técnico, tão criticado pela forma de jogar.

Aliás, num certo momento da partida, tive a impressão de ver a sombra do saudoso Milton Buzeto soprando ao ouvido de Abel Ferreira no banco verde, enquanto Rony escapava pela direita para fazer um dos tantos gols como se transmutado no divertido Ataliba enfumaçando a área do Corinthians daqueles tempos passados.

O fato é que se o Independiente trocava bolas e acuava o adversário na área contrária, desperdiçando chances, o Verdão dava suas estocadas letais: duas vezes com Rony, outra com Luís Adriano, mais uma com Patrick de Paula e, por fim, Danilo Barbosa.

E, se o Palmeiras jogava com seus três zagueiros, como parece ter voltado à moda por esse mundão afora, o Independiente não tinha nenhum, pois três dos cinco gols verdes nasceram de falhas da defesa inimiga.

Mas, isso faz parte do jogo, e o Palmeiras, limpamente, está quase lá.

Assim como o Mengo, que abriu a rodada diante do Unión La Calera.

A diferença é que os quatro gols do Fla foram confeccionados como manda o figurino, com trocas de passe envolventes, arrematados por uma investida de Pedro, no final, que passou aos dribles por três oponentes e tocou de cavadinha para as redes.

Aliás, Flamengo, Palmeiras, Inter e Galo, até agora, são os brasileiros mais credenciados a ir além neste Libertadores.

Resta saber como irá o São Paulo, que anda distribuindo boas novas para a sua torcida em meio à insana maratona de nosso futebol.

Foto: Antonio Lacerda/AFP

 

 

 

4 comentários

  1. “A diferença é que os quatro gols do Fla foram confeccionados como manda o figurino”
    Inacreditável como o escriba não é capaz de separar as paixões na hora de analisar o desempenho do Palmeiras de Abel, que criou umas 10 oportunidades reais de gol contra 2 ou 3 do adversário e poderia ter feito pelo menos uns 7 gols, mas fez, sim, 5 belos gols, que pelo jeito não foram “como manda o figurino”. Encaro essa coluna como uma pitada de humor nestes tempos sombrios…

  2. Ola, Nino, a tua ira indica mesmo uma certa procedência, se lermos o artigo do Alberto Helena Jr. Não tenho procuração dele, entretanto acho que ele expressou mais sua liberdade jornalística de pintar os textos com impressões que ele vai assimilando ao longo da carreira, e convenhamos que ele não nasceu ontem.
    Esta especulação jornalística, de que os 4 gols do Flamengo foram clássicos no”figurino” enquanto os 5 do Palmeiras foram no contra-ataque não me parece assim tão maldosa como se pode pensar que seja.
    É verdade que o Palmeiras teve um tempo de posse de bola que mal chegou à metade do tempo do Valle, e convenhamos também que o Valle tem jogadores habilidosos, como manda o “figurino”.
    Os fatos entretanto são outros.
    O Palmeiras está enfrentando de novo uma maratona de jogos, o Abel Ferreira é treinador objetivo, ele não manda seu time a campo para jogar bonito diante de arquibancadas vazias, nosso Português não dá nó sem ponta, ele escala o time para marcar gols, e quando o time entra com a formacao A, que se cuidem os adversários, figurino aqui, figurino lá.
    A equipe do Valle dominou a bola bonito, mas os gols quem fez foi o Palmeiras, que jogou parecendo se defender, mas a cada 15 minutos dava uma chifrada pelas lacunas do Valle e metia uma bolinha nas redes.
    Isto também é futebol, talvez até o Helena Jr. acabe concordando.
    Como pode ser da geração dele, lembremo-nos do Brasil jogando bonito (lindo, lindo, com Rivelino dando samba de bola) na Alemanha contra a Holanda em 1974 e não marcando gol algum, mas tomando dois gols de contra-ataque do carrossel holandês de Johan Cruyff. Se naquele dia o Brasil tivesse jogado na retranca e marcado os gols ao invés de jogar bonito e tomá-los a Copa do Mundo de 74 poderia ter tido outros resultados.
    Portanto, viva o Abel Ferreira e sua linda retranca.

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