Dá gosto ver esses Meninos da Vila brincando com a bola à beira do Alçapão. Desafiam o perigo da queda, errando e acertando, mas sempre em busca do gol.

E assim venceram o Ituano por 2 a 1 no primeiro tempo, etapa que valeu pelas duas, com gols de Lucas Braga e Baleeiro, em jogada distinta do garoto Ângelo, que muito promete. E isso sem contar com Marinho e Soteldo, este no banco, entrando só no segundo tempo.

E você espia assim o time do Peixe e colhe aqui ou ali um rosto conhecido. A imensa maioria é de jogadores desconhecidos da galera. Quase todos negros, como manda a história do Peixe, o que me faz lembrar de um episódio anedótico dos anos 60, numa transmissão pelo rádio de Edson Leite tendo Mário Moraes como comentarista.

Edson não enxergava bem, diziam, sobretudo à noite, quando se deu um gol do Santos.

-Goooll de Dorval! – berrou Edson.

O ácido Mário Moraes, balançou o indicador negativamente.

Edson corrigiu: Mengálvio!

Nova negativa de Moraes.

_ Coutinho!

Necas.

_ Pelé!

Não, ainda.

_ Edu!

Sim.

_ Grande trama de todo o ataque santista, de Dorval a Mengálvio, de Mengálvio e Coutinho, de Coutinho a Pelé, de Pelé a Edu! – arrematou Edson.

Resumindo: diante desses Meninos da Vila, somos todos Edson Leite.

O mesmo não se pode falar do São Paulo, que pouco antes perdeu para o Novo Horizontino, lá, por 2 a 1.

Embora recheado de garotos, a exemplo do Peixe, não guardou nenhuma semelhança nem com o time que Diniz levou à liderança do Brasileirão, com folga, antes de despencar, nem com o time de Crespo que fez oito gols nos dois últimos jogos pelo Paulistinha.

Entrou em campo com três zagueiros e foi no meio deles que o adversário construiu o gol de abertura, com Cléo, em ligeiras trocas de bola.

Desfeito o mal feito no intervalo, com a entrada do ponta Rojas no lugar do zagueiro Freitas, logo o Tricolor chegou ao empate, com o próprio, em cruzamento de Igor Vinícius da direita.

Mas, depois de um tempo de pressão, o Tricolor esmoreceu e Guilherme desempatou, aproveitando bola mal atrasada por Reinaldo. Antes do apito final, depois de meter bola na trave, Luciano sofreu pênalti claro que a juíza e o VAR não deram.

E, assim, o Tricolor segue sua sina de vai-e-vem pelos campos, ora pra frente, ora pra trás, enquanto não decidir o que quer da vida.