Mulher, oh, mulher…

Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press

Basta dar uma espiada nas arquibancadas pra se deleitar com a presença cada vez mais ativa das mulheres nos estádios de futebol.

Lá pelo início do século passado, as senhoras e senhoritas, com seus chapéus floridos e sombrinhas coloridas, costumavam frequentar as Laranjeiras ou o Velódromo como quem ia ao turfe nas tardes ensolaradas de domingo. Era mais um footing, uma paquera delicada e reservada como ditavam as regras sociais daqueles tempos.

Hoje, não. Hoje, a mulherada vai porque gosta do futebol. Vai pra torcer pelo seu clube ou Seleção, munida de todos os conhecimentos básicos do jogo,  feito os homens que até pouco tempo atrás eram os senhores absolutos dos estádios e dos segredos da bola.

Pra quem gosta de espetáculo é uma festa. Pelo menos nas arquibancadas, pois, em campo, tá mais pra cortejo fúnebre das nossas mais caras tradições.

E, na mídia, então? É um desfile de beldades altamente competentes, em especial na tv a cabo, de apresentadoras, comentaristas e repórteres mulheres.

Aqui, há que se reverenciar a figura pioneira da minha querida amiga e jornalista maior, Regiani Ritter, que se infiltrou no clube privativo dos marmanjos e, durante anos, fez ouvir sua voz, que ainda ecoa nesta Gazeta Esportiva com seu blog.

Mas, recentemente, houve um surto novo de narradoras de futebol.

É quando a voz da mulher deve impor seu estilo, justamente o oposto do que tenho verificado. São moças competentes na descrição da bola rolando, mas que buscam repetir a entonação, os chavões, a postura, enfim, dos narradores masculinos, que dominaram e dominam as transmissões desde sempre.

Por exemplo: esse grito de gol com que os locutores de rádio do passado surpreendiam os estrangeiros e que recentemente invadiram as transmissões pela tv, contrariando Mc Luhan, o teórico da comunicação que definia a tv como um instrumento frio e não quente exemplo do rádio. Na voz feminina, fica simplesmente estridente; não emociona, nem encanta, apenas destoa, incomoda.

As mulheres, depois de dois séculos de luta, conseguiram abrir espaços nas zonas sociais cercadas pelo machismo, a ponto de obterem a tão desejada igualdade de diretos, embora ainda sofram resistências quando se trata da remuneração adequada no trabalho.

Isso, contudo, não as transforma necessariamente em homens. As diferenças físicas e emocionais fazem parte da constituição de uma e de outro,

Pra que a mulher se imponha definitivamente no campo da narração esportiva é fundamental que perceba as diferenças e busque sua própria maneira de se expressar no microfone. Qual? Não sei, não sou mulher, desconheço, pois, como todo homem, as profundezas de sua natureza. Mas, arrisco uma palavrinha mágica: graça.

Não a graça de engraçada ou coisa do gênero. Nada disso. Mas, a graça, o dom da empatia e da afeição que são elementos mais frequentes nas mulheres do que nos homens, em geral Talvez, fruto da graça de ser o repositório da raça humana. A graça de ter nascido já com a predisposição de ser mãe e tudo o que isso implica.

De qualquer forma, a mulher narradora terá de achar uma forma de se expressar de acordo com suas características genéticas e culturais, não simplesmente imitando os estilos impostos pelos homens que a precederam e a cercam.

Nesse sentido, vejo emergir em meio ao fechadíssimo clube masculino dos cartolas uma mulher predestinada a fazer história no futebol. Refiro-me, claro, à Dona Leila, a Dama de Verde, que, com graça, lucidez e muito dinheiro assomou o palco das negociações do futebol.

Não a conheço pessoalmente, tampouco jamais tive qualquer contato com ela, mas capto em suas aparições públicas, entrevistas etc., uma clara percepção da realidade, um férreo mas não obsessivo desejo de ser presidente do Palmeiras, se não for além.

Caso seus negócios milionários não despenquem de uma hora pra outra (o mercado de capital é tão volátil…), posso imaginá-la até como presidente da CBF, pois, cá entre nós, a moça dá um banho em todos esses cartolas emplumados e tapados que andam por aí.

Enfim, que todas as portas se abram pra elas, no fundo, no fundo, pra felicidade de todos nós. Afinal, como dizia o poeta: “Mulher, oh, mulher…”

 

 

 

1 comentários

  1. Alberto Helena Jr.

    A foto da Leila Pereira demonstra muito bem o perfil do lugar que a mulher term hoje na sociedade, ocupando cada vez mais seu lugar de direito , atuante, esportista, empresária muito bem sucedida, que escolheu o time do coração e de seu marido para patrocinar e participar ativamente no apoio que o Verdão tem hoje quanto a sua gestão empresarial vencedora no clube e principalmente no futebol, o Verdão vem se alicerçando desde 2014 para ficar por muito tempo entre os melhores clubes e times de futebol não só deste país com também da América Latina, como a FIFA diz a inveja é verde, traduzindo para os incautos, princpalmente gambas, a cor vencedora verde do Palmeiras provoca muita inveja, não invejem não procurem seguir o mesmo caminho e alcançarão o mesmo resultado. Suadações palmeirenses.

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