Na oportuna entrevista de Tite aos repórteres da Folha Sérgio Rangel (abraços, amigo!) e Paulo Passos, o técnico brasileiro assegura que, se surgir um garoto excepcional até a Copa, será convocado, contrariando o exemplo dado por Dunga em relação a Ganso e Neymar, em 2010.

Pois, a chance está aí e o nome é David Neres, revelado pelo São Paulo e negociado mal saído do berço com o Ajax da Holanda: canhoto, veloz, drible fácil e uma visão de jogo esperta, além de muito senso coletivo.

Ainda hoje revia a goleada imposta pelo Ajax ao seu grande rival Feynoord, em Roterdã, por 4 a 1. Dos quatro gols, três nasceram de assistências exatas de Neres atuando com a camisa 7 pela direita de preferência, em jogadas distintas. Isso, sem falar em mais três passes na medida para companheiros que os desperdiçaram na cara do gol, além dos tantos dribles e investidas do brasileirinho.

Destaque das bases tricolores, Neres foi alçado a titular por Rogério Ceni, juntamente com Luiz Araújo, do outro lado do campo. Ambos, escoltando a servindo Pratto teriam levado o São Paulo não à beira do abismo como está, mas à disputa do título, não tenho a menor dúvida.

Não foi à toa que o Ajax ofereceu uma pequena fortuna pelo menino que mal havia inscrito seu nome entre os profissionais, o que bastou para a diretoria do São Paulo não apenas apressar a negociação como ainda por cima dela jactar-se nas mídias como o maior vendedor do futebol brasileiro.

Se Tite esticar seu olhar atento para Neres, por certo, haverá de chamá-lo, na pior das hipóteses, pensando na Copa seguinte, como o fez Felipão (seu e meu desafeto) com Kaká em 2002.

NA LINHA DO GOL

Cobram-me uma palavra sobre o gol de Pratto. Pois, aí vai. A regra a respeito de mão na bola ou bola na mão não mudou uma vírgula. Segue exigindo a intenção de o jogador tocar a bola com a mão, braço ou antebraço. Pra ser mais preciso, a regra usa o termo deliberadamente, o que implica em premeditação, gesto arquitetado e executado. Ah, sim, aí vêm as instruções mais recentes da IB (International Board), orientando os juízes sobre como proceder em casos desse tipo. E o que dizem as tais instruções ou recomendações? Que o juiz deve avaliar se o jogador está com o braço ou braços estendidos, abertos, com a clara intenção de aumentar o espaço de seu corpo reduzindo o da passagem da bola. E mais: haverá o juiz de avaliar também a proximidade entre o disparo da bola e o toque no braço ou na mão do jogador. Ora, no caso em pauta, dada a proximidade do desvio de Rever em relação a Pratto, já bastava para o juiz considerar o lance legal. Isso, sem falar na intenção de o atacante tocar a bola pras redes com o braço não estendido e sim próximo ao seu corpo. Portanto, gol legal, meu amigo.