Finalmente, está chegando Lugano, depois de dez anos de ausência do Morumbi mas não da memória do torcedor tricolor que simplesmente o idolatra como poucos o foram na história do grande São Paulo.
Dez anos que serviram para desgastar progressivamente o futebol já rústico do zagueirão mesmo quando moço.
Mas, todos sabem que não é o craque que está voltando. É o xerife, o jefe, o caudilho, o líder, o Homem Providencial, aquele que povoa o imaginário sul-americano, o cara de estatura moral e física que chega dando murros na mesa e botando a casa em ordem. Na imensa maioria das vezes, como revela a história não só do futebol como da vida dos povos, depois de um momento de euforia sobrevém a decepção, quando não a tragédia.
Houve um tempo já distante em que a torcida clamava por craques nas arquibancadas: “Queremos craques!”, era o cântico geral. Hoje, o urro é outro: “Queremos raça!”.
Ah, mas não há mais craque na praça; portanto, só resta a raça, dirá o amigo em meio ao mugido do rebanho.
Craque, essa palavrinha que transformou em substantivo (às vezes, adjetivo) um ruído qualquer, já mereceu simpósios, aqui mesmo neste modesto espaço. Há um processo de refinamento do seu significado que, se formos ao fim da linha, haverá um só sujeito que mereceu assim ser chamado: Pelé. O que, convenhamos, é um exagero sem limites. Mesmo porque Pelé foi mais do que simples craque. Foi um gênio ainda incomparável, diga-se.
A propósito, lembro de quando o braço da viola tricolor começou a virar lá pelo final dos anos 50, época da construção do Morumbi. Foi quando o São Paulo vendeu Mauro Ramos de Oliveira, o maior zagueiro da história do futebol brasileiro (Domingos da Guia não vi jogar a não ser numa seleção de veteranos), craque sob qualquer conceito, para o Santos, e trouxe do Vasco o becão Bellini, um espanta área daqueles, com raro espírito de liderança, já em declínio. Foi aí que o São Paulo deixou de ser padrão de excelência técnica para se transformar num time guerreiro que passou anos sem ganhar nada, tampouco encantar.
Mas, voltando à vaca fria do Lugano, na verdade, um touro, já, suponho, sem o mesmo ímpeto de antigamente, claro.
Digamos que, finalmente, o São Paulo consiga recuperar o Breno de tantos tropeços na vida. Tecnicamente, Breno é mil vezes superior ao melhor Lugano. Breno, porém, a exemplo do que andou fazendo Don Osorio recentemente, poderia atuar como volante, no lugar de Hudson. É verdade.
Mesmo assim, se Lugano, no esplendor de sua juventude, carecia – no São Paulo como na Seleção Uruguaia – de mais dois companheiros de zaga, numa formação de três beques de ofício, imagine agora, já aos 35 anos de idade.
A partir daí, não é nada improvável que Bauza forme sua zaga com Lucão, Lugano e Rodrigo Caio, todos devidamente protegidos por Breno e Tiago Mendes, os volantes. Desenha-se assim um time extremamente defensivo, disposto a jogar apenas no contragolpe, o que significa continuar dando voltas no mesmo círculo vicioso que fez o futebol brasileiro ficar parado no tempo e no espaço nas últimas décadas.
Jogando assim, o São Paulo vai ganhar? Vai. Como também vai perder e empatar, que isso faz parte do jogo.
Mas, será um porre assistir a seus jogos pra quem gosta de futebol, não de corrida de cavalo.
NA LINHA DO GOL
Pelo visto, o Corinthians está trazendo Guilherme, ex-Cruzeiro e Galo, aquele meia com cara de gnomo e futebol encantador. Ágil, inteligente, de dribles fáceis e muita profundidade, Guilherme estaria num patamar muito mais alto de sua carreira caso não passasse mais tempo na enfermaria do que no campo. Mas, quem sabe, nas mãos milagrosas dos médicos, fisioterapeutas e fisiologistas do Corinthians, que resgataram para o futebol casos perdidos como os de Pato e Renato Augusto, Guilherme possa vencer de uma vez essa zica? Aí, seria um reforço inestimável para o Timão, creia.
E esse supervisor do Cruzeiro, hein, que foi à tv, em Minas, pra dizer que, tempos atrás, comprou um juiz, pagou, cobrou do sujeito em pleno campo de jogo, e não levou? Além de desonesto, incompetente e cara-de-pau de revelar isso tudo para o público, ao vivo e em cores. Esse seria mesmo o único mineiro que, vindo a São Paulo, comprou um bonde da Light, como na anedota injusta e antiga.
O Palmeiras, que já havia até desistido de Jean, aquele volante-lateral revelado pelo São Paulo e que está no Flu, voltou a ter esperanças. Afinal, o Flu, para levar às Laranjeiras um zagueiro terá de se desfazer do volante de bom trato com a bola. Caso o negócio se concretize, o Palmeiras vai formando um meio de campo, entre titulares e reservas, de se tirar o chapéu, meu.
O Santos, na moita, vai reforçando seu time, sem desembolsar fortunas, como lhe convém. Chegaram Paulinho, ex-XV e Fla, e Joel, o camaronês, ex-Cruzeiro. Dois atacantes velozes e cumpridores, bem ao estilo do jogo dos Meninos da Vila. Isso, sem perder até agora nenhuma das preciosidades da Vila, como Lucas Lima, Gabigol, Ricardo Oliveira e Geuvânio. Isso tudo sob a gestão equilibrada desse espirituoso Modesto Roma Jr. Tão espirituoso que, quando perguntado na Jovem Pan sobre a declaração do pai de Neymar de que o craque não voltaria à Vila enquanto ele fosse presidente, disse que, simplesmente, abdicaria do cargo, se esse fosse o caso. Qualquer outro cartola babaria fel nessa situação.
Helena, não esqueça que o principal fisioterapeuta do Corinthians está na china…aí??????
Tem razão Helena, o meu querido São Paulo já não é o mesmo, pois, recepção como a que teve Lugano (não digo que não mereça), teve no passado Leônidas da Silva.
Helena, o tricolor ainda procura um volante. Eu sugiro Petros, pois marca muito bem e não é nenhum brucutu, pois tem bom passe na saída de bola. Você concorda?
Se sou presidente de um clube proibiria terminantemente que qualquer membro da comissão técnica a começar pelo treinador se referisse a palavra VOLANTE. Essa é uma é uma praga que acabou com o nosso futebol
Não é raça a grande virtude que Lugano traz mas dignidade. Postura esta que o São Paulo necessita, e muito. Mais que qualquer outra coisa.