Marin: o infortúnio da fortuna.

(Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)
(Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)

Leio que José Maria Marin, ex-presidente da CBF que exercia o cargo de vice-presidente de Del Nero quando foi preso na Suiça durante o Congresso da Fifa, está fazendo um acordo com as autoridades de lá para ser transferido aos EUA em prisão domiciliar. Que domicílio? Um belíssimo apartamento de sua propriedade na Trump Tower, no centro de Manhantan, região mais cara do mundo.

E quanto vai custar isso, de fiança ou multa, sei lá? Cerca de 40 milhões de reais. Isso mesmo: uma Mega-Sena acumulada, capaz de resolver os problemas de qualquer brasileiro por várias gerações. E isso, suponho, não raspará o fundo do poço da fortuna do cartola.

Fortuna acumulada como? Sei lá.

Só sei que Marin surgiu na cena nacional como um medíocre ponta-direita do São Paulo nos anos 40, que ganhou destaque por ser um dos raros casos de jogadores de futebol da época que conseguiu se formar em Direito, graças ao apoio do Dr. Paulo Machado de Carvalho, dirigente tricolor e dono das Emissoras Unidas – rádios Record, Panamericana e São Paulo.

Marin reencontrou o caminho do gol ao se filiar, mais tarde ao Partido de Representação Popular, o legado do Partido Integralista de Plínio Salgado, um patético arremedo tupiniquim de Mussolini.

Foi eleito vereador, deputado estadual e acabou chegando ao Palácio do Governo de São Paulo na esteira de Maluf. Nesse itinerário, cumprido a bordo dos partidos mais retrógrados da nossa história, estendeu a corda que enforcou o jornalista Vladimir Herzog nos porões da ditadura militar, com um discurso na Assembleia Legislativa de causar engulhos a quem tenha um pouco de senso.

Cumpriu breve e inexpressiva gestão como presidente da Federação Paulista de Futebol, e voltou às manchetes ao embolsar a medalha de um menino campeão da Copa São Paulo, antes de colher os restos deixados por Ricardo Teixeira, escafedido presidente da CBF.

Não duvido que a justiça americana o trate devidamente, como, aliás, já o fez com Maluf, tempos atrás. Só espero que a nossa Receita Federal também.

 

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