
Sem James Rodriguez, Baile, Sérgio Ramos e Marcelo, o Real penou pra vencer a retranca do Malmoe e meter 2 a 0 na casa do inimigo, pela Liga dos Campeões. Dois gols de Cristiano Ronaldo. E aqui entra o parêntese histórico, pois o craque português atingiu a marca de quinhentos e um gols em sua carreira, alcançando o recorde madrilenho de Raul Madrid, até hoje o maior artilheiro da vida gloriosa dos merengues.
E é curioso observar as sutis mudanças no perfil futebolístico de Cristiano, ao longo dessa saga dos quinhentos gols.
Lembro de meu querido amigo e grande narrador Cleber Machado, anos atrás, definindo a bola do murruga:
– É muito firuleiro!
Realmente, à época de seu início no Manchester United quando passou a ter fama internacional, Cristiano era um driblador emérito, cheio de graças e firulas, embora o gol adversário sempre fosse sua meta. Aos poucos, foi enxugando seu jogo, cada vez mais objetivo, seja nas cobranças de falta, nas finalizações de direita ou de esquerda, no cabeceio, tanto faz, o caso é que o gajo está lá metendo a bola nas redes, de qualquer maneira.
Confesso que, pra meu gosto, preferia aquele outro Cristiano, mais moleque, driblador, cheio de enfeites, criando desenhos rebuscados em campo como se nos remetendo à alma peregrina lusitana encontrando-se por um longo período da história com as artes mouriscas dos tempos do domínio mouro sobre a Península.
Nesse sentido, hoje em dia, Cristiano é cada vez mais um exato intérprete da eficiência moderna: reto, veloz, preciso, quase um robô de alta tecnologia em busca de recordes.
Mas, não é assim que se toca a vida nestes dias?