O futuro do Santos me parece cinzento como esta tarde de terça-feira no Grão Ducado de Ibiúna.

O técnico Enderson Moreira foi confirmado, naquela base que me lembra o Paulinho Machado de Carvalho, dono da antiga Record, confirmando com um seu assessor o fechamento de um negócio desfavorável:

– Deu a mão?

– Dei.

– Mas, apertou?

– Não.

-Ah, bom, que alívio…

Pelo visto, a mão de Enderson só será apertada mesmo se o Peixe fizer uma campanha brilhante no Paulistão, o que, se não é impossível, parece-me pouco provável. Sim, porque a permanência de alguns jogadores chaves do elenco está congelada no ar. Por exemplo, Arouca, disparado o melhor volante em atividade no nosso futebol. Sai, não sai, quem sabe, diante da crítica situação financeira do clube, com salários atrasados etc.

Por isso mesmo, qualquer pretensão à contratação de grandes reforços está definitivamente afastada da Vila.

E aqui fico me perguntando: mas, que diabos fizeram com o Santos?

Mesmo levando um chapéu do pai de Neymar, a venda do craque para o Barça rendeu uma grana significativa para o clube, coisa de 45 milhões de euros. Ainda que essa fortuna tenha sido empenhada na contratação absurda de Leandro Damião, que outros investimentos de vulto fez o Santos nesta temporada, se praticamente todo o seu elenco é composto por jogadores da base, os célebres Meninos da Vila? Mais barato, impossível.

Essa conta não fecha, meu.

Afinal, o Santos foi finalista do Paulistão e, no Brasileirão, cumpriu campanha razoável, o que lhe permitiu faturar um bom dinheiro com a tv e a bilheteria. Nada grandioso, mas o suficiente, imagino, para manter sua folha de pagamento em dia, pelo menos.

Esse negócio precisa ser bem explicado por alguém, algum dia.