
A Raposa anda em campos de grama tão amena que até quando perde ganha. Isso, porque mesmo perdendo o clássico mineiro para o Galo, jogou bem.
Este, aliás, é o grande segredo do Cruzeiro, que paira lá no alto piscando sua luz azul para os que estão aqui embaixo: raramente deixa de jogar bem, ganhando, como na maioria dos seus jogos neste Brasileirão, ou perdendo esta ou aquela, como diante de São Paulo e Galo na semana passada.
Agora, enfrenta o Coritiba desesperado, no Couto Pereira. Pedreira, por ser o jogo lá e pelo desespero do adversário. Isso, sem falar em Alex, no ocaso, mas ainda o Alex de muitas surpresas.
Já o vice, que a exemplo do líder vem de derrota para rival histórico, recebe o Flamengo de Luxemburgo no Morumbi, com o Quarteto reconstituído em campo e Luís Fabiano bufando no banco. Mas, sem Tolói e, novamente, sem Rogério Ceni.
Não que Rogério Ceni faça tanta falta assim embaixo dos paus, pois Denis, nesse quesito, se vira muito bem ali. Sucede que nenhum outro goleiro no mundo joga tão bem com os pés como Rogério Ceni. E a marcação avançada do Tricolor do Quarteto exige do goleiro uma disposição quase de líbero, em que é forçado a trocar as mãos pelos pés.
Quanto ao Flamengo, lastima-se na Gávea a possível ausência do artilheiro Eduardo Silva, o brasileiro croata, que vem sendo a sensação do ataque, ao lado de Everton. É de se prever que Luxa acabe acatando o conselho do técnico de fazenda: “Arrecua os arfo, Luxa!” Chance para Luís Antônio juntar-se a Márcio Araújo, Canteros e Cáceres no combate ao Quarteto, embora a disposição aparente de Luxa seja mesmo colocar Gabriel, mais à frente, ao lado de Everton e Alecsandro.
Logo abaixo do Tricolor, ali coladinho na tabela, vem o Inter, que recebe no Beira-Rio o Criciúma. Sem desfalques, o Colorado não pode bobear desta vez. Esse é o típico jogo em que o dono casa não pode vacilar, se quiser continuar na caça à Raposa, ou mesmo a uma vaga na Libertadores, pois atrás vem gente.
A começar pelo Corinthians, de crista alta depois da emocionante e bela virada sobre o São Paulo, graças, sobretudo, à presença do veterano Danilo, que não jogava desde o início há muito tempo.
Danilo foi a pedra de toque no Timão. Meteu-se ali entre a armação de Renato Augusto e a finalização da dupla Malcolm-Guerrero, aproximando os dois setores que viviam fragmentados e cimentou o caminho para a harmonia que precedeu à vitória.
Se o sortilégio vai se repetir em Floripa, não sei. Entre outras coisas, porque o Figueira é osso duro de roer. Mas, espero que sim.
Por fim, Fluminense e Grêmio fazem um clássico nacional de morte na luta pela chegada à Zona da Libertadores num Maracanã lotado, suponho, o que é sempre uma festa.
É o confronto de dois opostos, no campo e à beira dele.
O Flu, um time mais técnico e insinuante, mesmo sem Conca, que, pela primeira vez nos últimos quarenta e tantos jogos do seu time, contra o combativo Grêmio, como reza sua tradição, ainda que disponha de jogadores ofensivos e de boa técnica, como Giuliano, Fernandinho, Luan, Barcos, Dudu e Zé Roberto.
Contraste que se expressa claramente no cotejo entre os dois treinadores.
De um lado, Cristóvão Borges, fino jogador e técnico de pensamentos refinados sobre o jogo, calmo, discreto, lúcido e articulado. De outro, Felipão, becão de fazenda e treinador de conceitos sobre o jogo tão toscos como a forma de ver a vida, mas vencedor como poucos.
Enfim, uma rodada interessante, sobretudo para os que estão ali na disputa pelo topo da tabela.