A Fórmula 1 de luto. Morre Niki Lauda, um dos grandes.

(Foto: DB/dpa/AFP)

O austríaco Niki Lauda passará para a história da Fórmula 1 como um campeão fora de seu tempo. Ele conquistou três títulos mundiais e somou 25 vitórias em uma época onde a categoria ainda era meio bárbara, a responsabilidade relativa e o dinheiro mais curto se comparado com os padrões atuais. Niki era o inverso: centrado e comprometido. E comprou aviões. Não para fazer viagens mais rápidas e confortáveis como os grandes atletas atuais; mas para ganhar dinheiro quando abandonou as pistas pela primeira vez.

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Niki morreu com problemas renais, aos 70 anos, em uma clínica na Suíça, na noite passada. No ano passado, tinha deixado a presidência de honra da equipe Mercedes para fazer um transplante de pulmão. Deixou cinco filhos, incluindo os gêmeos Max e Mia com sua atual esposa, Birgit. E um legado de determinação, coragem e técnica.

O grande momento da vida de Niki Lauda foi no acidente que quase o matou no GP da Alemanha de 1976, em Nurburgring, circuito longo com 22 quilômetros. Sua Ferrari incendiou-se depois de um acidente e ele passou alguns minutos sob o fogo e aspirando fumaça tóxica. Quando chegou ao hospital os médicos não davam grande esperança de sobrevivência. Mas ele se recuperou. E algumas semanas depois estava de volta às pistas, o rosto deformado pelas queimaduras, com a mesma vontade de vencer. Só deixou de lutar pelo título na corrida final, no Japão, porque não concordava com a realização da prova sob um tremendo temporal. O campeão foi James Hunt, antigo desafeto desde os tempos da Fórmula 3. A história foi muito bem contada pelo diretor Ron Howard no filme ‘Rush’, disponível em plataformas digitais.

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Em 1979, Lauda correu ao lado de Nelson Piquet, na Brabham, sua única parceria com um piloto brasileiro na Fórmula 1. Tornaram-se amigos inseparáveis.

No seu terceiro e último título, superou o francês Alain Prost, seu companheiro na McLaren, por meio ponto. Naquele ano, o GP de Mônaco teve sua pontuação dividida pela metade porque a corrida foi encerrada antes por causa de uma chuva muito forte.

Niki Lauda venceu o GP Brasil de F1 de 1976, em Interlagos, correndo com Ferrari e ainda subiu ao pódio, em 3º lugar, nas corridas de 78 e 83, em Jacarepaguá. Mas, em 2014, conduzindo entrevistas no pódio de Interlagos – com Nico Rosberg, Lewis Hamilton e Felipe Massa – foi saudado aos gritos e cumprimentado calorosamente pelos torcedores que tinham invadido à pista. Estendeu a mão para as dezenas de mãos que buscavam a sua e, depois, desceu chorando. “Nunca imaginei que isso pudesse me acontecer hoje’, disse muito emocionado.

Lauda conquistou os títulos de 75 e 77 com Ferrari e 84 com McLaren. Venceu 25 corridas, cravou 24 poles e subiu 54 vezes ao pódio. Abandonou definitivamente as pistas no final do campeonato de 1985, depois de disputar 13 temporadas. Não disputou os campeonatos de 1980 e 1981.

(Foto: Sergio Barzaghi/Gazeta Press)

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