Tensão, privilégio e muita chuva na cerimônia de abertura

A abertura dos Jogos Olímpicos de Paris-2024 será mais uma daquelas que vamos lembrar pra sempre, assim como a de Barcelona-1992, em que a pira foi acesa com uma flecha de tiro com arco. Por si só, fazer a festa fora do estádio já era algo histórico, mas ao mesmo tempo desafiador. O mundo de hoje, por tudo o que está acontecendo, requer muitos cuidados. Houve sim momentos de tensão por tudo isso, mas estar presente numa festa única e inédita foi um privilégio incrível.

2024.07.26 - Jogos Olímpicos Paris 2024 - Cerimônia de Abertura. Rafael Nadal (de vermelho) e Zidane se encontram e trocam "de bastão" a tocha olímpica durante a Cerimônia de Abertura de Paris 2024. Foto: Gaspar Nóbrega/COB
Momento épico em que Zidane passa a tocha para Rafael Nadal na cerimônia de abertura (Gaspar Nóbrega/COB)

Mas obviamente nem tudo foram flores! O amanhecer em Paris já foi tenso e caótico. Incêndios criminosos atrapalharam a movimentação dos trens de alta velocidade que ligam a capital francesa a outras cidades. No centro de imprensa, quando cheguei para conferir como seria o melhor caminho para o setor do meu ingresso na cerimônia de abertura, houve também um momento de tensão.

Eu estava comendo calmamente meu sanduíche de frango com salada com refrigerante antes de entrar, quando vi a polícia francesa pedir para a rua ser esvaziada. Eles orientaram os jornalistas a entrar no centro de imprensa e pediram para quem só estava passando por ali, deixar o local. Rapidamente, eu entrei e fui cuidar das minhas coisas. Enquanto isso, surgiu uma notícia de que se tratava de uma suspeita de bomba e que o centro de imprensa tinha sido evacuado.

Não foi! Pelo menos a notícia da evacuação do centro de imprensa foi mentira! Eu estava lá dentro e nada aconteceu. De repente, comecei a receber uma série de mensagens de pessoas preocupadas comigo. Mas ali não aconteceu nada mesmo! Os únicos anúncios lá dentro foram em relação ao transporte para a cerimônia de abertura. Sobre o que aconteceu do lado de fora, não sei dizer se foi bomba ou não. O fato é que quando saí pra ir para o metrô e tomar meu caminho para o Rio Sena, tudo estava muito tranquilo.

Chegar na cerimônia de abertura foi algo bem tranquilo também! Apesar de boa parte das estações do centro de Paris estar fechada por causa da segurança, a Chatelet, que me servia muito bem, estava aberta. No caminho, vi muita gente na expectativa pela festa e muitos que ficariam por ali mesmo assistindo em bares e restaurantes. Encontrei, como sempre, um bom número de brasileiros. Mas o problema foi a falta de informação da organização.

Barco da delegação do Brasil passa pelo Rio Sena durante a cerimônia de abertura (Alexandre Loureiro/COB)

Cheguei muito cedo e ninguém sabia de nada. Rodei por quase duas horas ali na margem do Rio Sena até que encontrasse uma boa alma, que soubesse informar onde eu podia entrar. Apesar do perrengue, a experiência foi incrível. A cerimônia foi feita mesmo para quem assistiu pela televisão. Do meu local, não era possível ver a Torre Eiffel ou o Trocaderó. Só era possível acompanhar a cerimônia pelos telões instalados ao longo da orla do Rio Sena. O que vimos de perto mesmo foram os barcos passando. E a sensação de ver o barco brasileiro passando de pertinho foi muito gostosa. O sentimento foi de extremo privilégio por ter estado ali tão pertinho vendo a história passar a frente dos meus olhos.

No fim, a chuva atrapalhou um bocado! Fui embora antes do fim. Vi a França passar e corri para o hotel para poder ver, pela televisão a passagem a tocha pelas mãos de grandes ídolos do esporte mundial até ser acesa pelos incríveis Teddy Rinner e Marie José Perec.

 

 

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