Opinião: Anderson Silva merecia uma despedida melhor no Brasil

O adeus de Anderson Silva em meio a críticas -Divulgação/UFC/Josh Hedges

Neste último sábado em São Paulo, um dos maiores nomes do nosso esporte fez sua última luta em solo brasileiro.

Em um duelo de exibição contra seu maior rival, o americano Chael Sonnen, o brasileiro que é um dos principais atletas do país na história do MMA e no UFC, fez uma luta de boxe, arte que é uma das suas maiores paixões.

A luta em si, não empolgou muito e chegou a ter diversas críticas nas redes sociais, terminando em um empate.

Porém, prefiro observar o cenário de uma outra maneira.

O show realizado pela empresa Spaten, uma marca de cerveja que está atuando agora no mercado brasileiro trouxe um conceito diferente pouco conhecido pelos fãs do Brasil.

Um evento mais elitizado, com requinte, sem vendas de ingressos e apostando na projeção da marca através das redes sociais e penetração na grande imprensa, incluindo exibição na Rede Globo de Televisão.

Sendo assim, como podemos cobrar algo que não está proposto por ninguém? Nem por quem fez o investimento no negócio.

A luta foi mais uma homenagem em alto nível com algo pouco visto no país: um nome relevante da luta aceitando lutar em solo hostil e vivendo a experiência de forma diferente, incluindo participação de Sonnen em um jogo do Palmeiras no Allianz Parque, dias antes do combate, proporcionando ao americano a oportunidade dele levar uma experiência diferente para seus seguidores estrangeiros sobre o cotidiano no país do futebol e da luta.

A Spaten no meu ver fez um baita trabalho. E não tem nenhuma culpa. Pelo contrário. Surpreendeu positivamente, com idéias interessantes como a imagem sensacional da encarada cinematográfica da pesagem e a idéia da divulgação em um dos principais pontos turísticos de uma das maiores capitais do planeta, Tóquio, no Japão.

Talvez, a falha está em nós mesmos. Os fãs.

Não valorizamos o evento na grandeza que ele merecia.

Pelo fato de Spider estar com seus 49 anos de idade e fazendo o que gosta, sem ter a obrigação e responsabilidade, pressão de fazer o que fez a vida toda, que era dar espetáculo e humilhar os oponentes dentro dos octógonos e ringues, este agradecimento de nossa parte me parece injusto.

Anderson merecia algo grandioso. Um palco melhor. Uma visibilidade mais imponente.

O lutador chegou a revelar que seu desejo era que esta luta com Sonnen tinha como meta ser realizada na Arena Corinthians, estádio do time de seu coração mas por algum motivo, o clube que chegou a patrocinar o lutador em seu auge, nos tempos que Ronaldo Fenômeno tinha uma presença e influência maior no Parque São Jorge, o sonho do atleta acabou não acontecendo.

Ronaldo Fenômeno e Spider no auge do lutador no UFC – Reprodução Twitter

Acredito que o fato de morar fora do Brasil por muito tempo, coisa que por exemplo não acontece com Charles do Bronxs, que é bastante relutante quando questionado sobre o assunto, pode ter contribuído além da sequência de resultados negativos na fase final de sua carreira no MMA pelo UFC.

Depois de domínio histórico, Spider viveu série de derrotas antes de deixar o UFC – Divulgação UFC/Josh Hedges

Spider não vai parar ainda. Mas não deve mais lutar no Brasil até pendurar as luvas.

Seu próximo compromisso deve ser no Oriente Médio e provavelmente caso tudo dê certo, sua despedida pode ser contra Roy Jones Jr, uma luta que é um sonho antigo da lenda brasileira.

Fico triste em ver esta despedida de Anderson acontecer desta forma, principalmente pelo legado e portas que o lutador abriu com seu sucesso no octógono.

Sua história sempre será lembrada. E seu final, não diminui tudo o que o lendário lutador representa no nosso esporte.

O sorriso de quem cravou seu nome no MMA – Alexandre Loureiro/Inovafoto

Obrigado, Spider. Você é grande. Único. Um marco do esporte no Brasil. 

 

 

 

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