Allan, do Flamengo, e o preconceito interminável diante da Psicologia do Esporte

 

A fala do jogador Allan, do Flamengo, demonstra todo preconceito, banalização e desinformação sobre o trabalho psicológico esportivo. Algo infelizmente comum no nosso futebol.

Nos últimos 30 anos, atuando como psicólogo do esporte de atletas e equipes, pude constatar que, em muitos casos (sobretudo no futebol), a Psicologia é vista como sinal de fragilidade, incapacidade e fraqueza. Venhamos e convenhamos: num universo em que a força física é sinal de coragem e adaptação, falar em Psicologia é como sofrer um gol contra. Pior: isso tudo é reforçado pelo senso comum das vozes das arquibancadas: “jogador que ganha uma fortuna não tem o direito de querer psicólogo. Quem precisa de psicólogos somos nós, eternos sofredores dos estádios”.

A grande questão é que, antes de atletas, são seres humanos e o sofrimento, atesto, tem sido inevitável. A procura por trabalhos psicológicos fora dos clubes tem aumentado significativamente.

O que pouca gente entendeu é que a presença de psicólogos não garante a vitória. Psicólogo não é mágico nem curandeiro. Ele é, ou deveria ser, mais um integrante da comissão técnica. Por outro lado, a ausência desse profissional tem vulnerabilizado os atletas às suas dores emocionais e, claro, à queda da performance individual e coletiva.

É preciso ser forte para encarar a fraqueza. E a fraqueza, pelo visto, tem vencido de goleada!

 

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