Psicologia do Esporte é levada a sério na Alemanha

alemanha
Para os que não sabiam como funciona o trabalho psicológico esportivo na Seleção da Alemanha – aí vai (mais) uma goleada que levamos deles. Explicarei, além da matéria divulgada no Jornal Nacional de hoje, informações que recebemos sobre o trabalho de Hans Herman – psicólogo do esporte, cientista e pesquisador da área – profissional altamente qualificado que, há muito tempo, trabalha com o futebol alemão.

Herman conta com uma equipe de 12 psicólogos que atuam desde as categorias de base da Seleção da Alemanha até o time principal. São realizados trabalhos de acompanhamento psicológico – orientação familiar – mapeamento de perfil – reuniões com os departamentos médico e de preparação física – além de contar com o apoio e suporte dos dirigentes e treinadores locais.

Por lá, o psicólogo do esporte é um parceiro do time. Ele permanece – de forma permanente – com a Seleção por onde ela atua. A cada ano, inicia o trabalho na pré-temporada dos times – da mesma forma que os preparadores físicos. Na equipe alemã, mente e corpo tem a mesma importância e recebem os mesmos cuidados.

Agora, o melhor: a Alemanha conta com laboratórios de Psicologia do Esporte – com trabalhos de realidade virtual – controle e monitoramento de fenômenos psicofisiológicos (concentração e ansiedade) – utilização de técnicas relacionadas com o biofeedback e neurofeedback para o equilíbrio emocional.

Aqui no Brasil, na USP – temos o laboratório de Psicossociologia do Esporte que conta com boa parte dessa tecnologia do preparo psicológico e recebe atletas de ponta para o trabalho de acompanhamento e fortalecimento mental.

Além da Seleção principal, vários times locais contam com a presença de psicólogos do esporte nas bases dos clubes e também nos times principais. Tanto na primeira divisão como na divisão de acesso – os clubes apostam no trabalho psicológico. E não é de hoje. Desde de 2002 – houve uma verdadeira revolução no conceito de esporte e ser humano (“ser atleta” no futebol daquele país).

O treinador da Seleção da Alemanha comentou que Hans Herman é “seu braço direito” dentro do grupo e não abre mão do trabalho e da presença do psicólogo nos treinos, viagens e competições.

Em qual parte dessa verdadeira lição de modernidade científica e conceitual – nossos amados cartolas da CBF – e boa parte dos treinadores – não entenderam?

Acompanhem a matéria no link abaixo:

http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2014/07/selecao-alema-tem-acompanhamento-psicologico-desde-base.html

9 comentários

  1. Olá.Boa tarde.É isso aí, quem é disciplinado, com regras e limites, respeita o seu campo de atuação, e é também suficientemente inteligente para saber que o psicológico é fundamental para o exito de qualquer atividade.Não somos so uma massa de materia, somos muito mais.Muitas vezes maximizamos alguns desconfortos e frustrações, nos vitimizando . Agimos de acordo com os nossos mecanismos de defesa psíquica, adequados ou não..Na verdade o Brasil subestimou seus adversários e acha que vai conseguir mesmo sendo inapto.É tempo de crescermos!
    Deutschland ist sehr gut!
    Suely Bischoff Machado de Oliveira
    Psicóloga CRP06/8495

  2. Grande João Ricardo, sou seu fã!
    Tenho dito a todos os meus amigos há algum tempo para que leiam seu blog. E de como teu conhecimento se tornou realidade na frágil preparação da nossa seleção.
    Quanto a sua pergunta: Em qual parte dessa verdadeira lição de modernidade científica e conceitual – nossos amados cartolas da CBF – e boa parte dos treinadores – não entenderam?
    A resposta é simples, eles entendem, mas não querem dividir os louros. Pois pra eles quem entende de futebol é só quem já jogou, foi técnico ou está nesse meio os idolatrando a tempos.
    Nâo querem uma pessoa formada e estudada ensinando a eles o que fazer com a bola.
    Mas ai está o detalhe, na psicologia esportiva não se ensina a chutar no gol. Claramente os jogadores do Brasil estavam com a perna tremendo, sem controle e sem preparo mental para encarar os alemães nos olhos.
    Torço para que um dia, se leve a sério o futebol aqui no país, preparando vencedores para que possamos estar orgulhosos e bem representados. Não quero ver o futebol na mesmice do “queríamos ganhar porque o povo sofre tanto”. Sofremos sim, e pelo jeito já está na nossa cultura isso.
    Que deixemos de sofrer logo então, e que a vitória seja do esporte e não para dar alegria a um povo sofrido, mas a um povo bem cuidado, em um país justo, em que tudo funcione.
    Um abraço.

  3. Na boa… Acreditar em psicologia no esporte é como acreditar que ritos religiosos ou mandingas ganham jogo. Apesar da ampla carga de ciência envolvida, na hora do “vamo ver”, não tem essa de mais preparado psicologicamente. Queria ver se o Brasil tivesse feito o primeiro gol ou tivesse colocado 2 gols de vantagem se o jogo seria o que foi e os alemães seriam tão tranquilos como dizem que são. Duvido!

    Esse mesmo psicólogo, que trabalha com a seleção alemã há 12 anos, foi incapaz de gerir a pressão sobre os alemães durante a Copa de 2006. Caiu para a Itália, por 2 a 0. Um resultado aceitável com psicologia ou sem psicologia, mas que tinha um peso muito maior sobre os ombros dos alemães.

    Nos clubes alemães, a mesma coisa. O Bayern de Munique, o maior time da Alemanha e com 7 dos 11 titulares da Seleção, este ano, na Champions League perdeu do Real Madrid, na Espanha por 1 x 0 e em casa, com a pressão de jogar para sua torcida e ter de vencer por placar simples que fosse, tomou de 4 x 0. Não vi nenhuma frieza neles tomando estes gols.

    Entendo que psicologia pode ter alguma importância no mundo esportivo, mas longe de ser a salvação da lavoura para nossa seleção e nossos times. Futebol é gol, é vitória. Quem perde chora e quem ganha, vira livro pra ser analisado. A psicologia parece ter funcionado porque eles ganharam de goleada, se tivessem perdido, de 1 a 0 que fosse, ninguém estaria falando em Prof. Dr. Hans Dieter Hermann.

    1. Após o segundo gol, os jogadores brasileiros sofreram um efeito psicológico devastador, que levou aos três gol seguintes, ainda no primeiro tempo. Se o Brasil tivesse feito o primeiro gol, a Alemanha continuaria a jogar normalmente, sem alterar o seu futebol, sem mudar nada, ela já mostrou isso em outras oportunidades.
      Em 2010, o Brasil fez 1 a 0 na Holanda, e após tomar o gol de empate, se abalou e acabou tomando a virada.
      Psicologia não é tudo, mas tem a sua importância no esporte sim.

  4. Olha só como a mentalidade do jogador alemão e do brasileiro (Neymar) é distinto.
    Um não dispensa a presença de um psicólogo e o outro acredita que psicólogo é só para doido.

  5. Em meio a tantas discussões e contradições, não podemos perder de vista que o ser humano é composto por uma tríade que envolve corpo, mente e alma. Se uma dessas vertentes não estiver em equilíbrio, nenhum talento, por maior que seja, consegue expressar-se de forma plena.
    O trabalho físico, técnico e tático, necessita do complemento emocional sim, afinal, quem comanda o corpo é a mente. Uma mente sob pressão, tendo de administrar inúmeras variáveis, que envolvem o contexto esportivo, não consegue fazer com que seu corpo explore e reaja dentro de seu máximo.
    Além do equilíbrio individual, cabe ao psicólogo, contribuir na formação de uma equipe que trabalhe em harmonia, criando uma ligação perfeita, para que funcionem com total coesão.
    Quando falamos de esporte de alto rendimento, estamos falando de pessoas que precisam ir além de seus próprios limites, se não tiverem uma estrutura emocional sólida, não serão capazes de superarem-se.
    Esses conceitos equivocados sobre a psicologia do esporte, infelizmente, são provenientes da falta de conhecimento sobre qual é o trabalho do Psicólogo do Esporte, o qual não é mágica e sim ciência.

    Sandra Regina Quinzani
    CRP – 06/20961-9

    1. Complementando o comentário acima:
      Trabalho como Psicóloga do Esporte, nas categorias de base, é notório a diferença entre as equipes que tem o psicólogo como parceiro, das que não possuem esse tipo de acompanhamento.

      1. Regina seu comentário sobre psicologia é fundamental. Embora os estudos tenha evoluido muito ainda está distante que trablhar a mente vem sempre primeiro do físico e entender que é ciência. Ser humano para evoluir tem que ser completado, nunca vi uma pessoa que só pensa e nem uma que só caminha.
        Tudo inicia pela mente e esta sim completa o corpo. Nós psicólogos temos que ser uma classe mais unida para mudar essa mentalidade preconceituosa fazer valer essa ciência maravilhosa que é causar reflexão e transformar mentalidades equivocada pela cultura.

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