Ao analisar o processo histórico da Educação Física Escolar, sabemos que as suas raízes foram plantadas no seio de movimentos higienistas e eugenistas no final do século XIX. Naquele contexto histórico, a preocupação das elites brasileiras estava associada com a formação de indivíduos saudáveis e úteis para ampliar a força de trabalho e definir as funções de homens e mulheres na sociedade.
Alguns pensadores que apoiavam a entrada da Educação Física como disciplina escolar entendiam que era extremamente importante praticar atividades físicas para desenvolver a virilidade do homem e a harmonia das formas físicas femininas para exigência da maternidade futura.
Essa fase em que existia uma preocupação excessiva com a formação de indivíduos saudáveis, com um físico equilibrado organicamente e menos suscetível a doenças, foi nomeada como movimento higienista.
Outra questão presente no pensamento intelectual brasileiro estava voltada para o “melhoramento” genético da raça humana, sendo esse movimento nomeado como eugenista.
A tese eugenista ganha força no Brasil, principalmente por conta da libertação dos escravos no país. Nesse sentido, passou a se temer uma possível “mistura” que “desqualificasse” a raça branca.
Existem relatos que as aulas de Educação Física, nesse contexto histórico, tinham como principal objetivo de formar uma geração capaz de suportar o trabalho árduo exigido pelo processo crescente de industrialização, sem se queixar-se e obedecendo de forma submissa os patrões. Em razão disso, era importante selecionar os indivíduos com “perfeição” física e excluir os incapacitados, acarretando na eugenização do povo brasileiro.
As aulas de Educação Física, em muitas escolas brasileiras, eram sistematizadas com os conhecimentos dos métodos ginásticos disseminados pela Europa. Pesquisadores também descreveram aulas em que meninos realizavam variações de marchas militares e as meninas podiam se movimentar em liberdade pelo pátio ou realizar exercícios de flexão e extensão dos músculos de forma metódica.
É importante ressaltar que no início do século XX movimentos nazistas e fascistas ganham força em diversos países do mundo, inclusive no Brasil. Portanto, não é de se estranhar que a escola, através das disciplinas que compunham o seu currículo, fortalecesse essas ideias através do processo de ensino.
Para alguns estudiosos que analisaram essa época, as práticas corporais realizadas nas aulas de Educação Física contribuíram para incentivar o racismo e o preconceito, explorando, em nome da “superioridade” racial e social da burguesia branca, todas as pessoas que não tivessem essa estrutura corporal higienista.
Os médicos higienistas, através da disciplinarização do físico, do intelecto, da moral e da sexualidade, visavam multiplicar os indivíduos brancos politicamente adeptos à ideologia nacionalista.
Texto apresentado pelo professor Daniel Teixeira Maldonado, professor do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de São Paulo, Doutor pela Universidade São Judas.
Sou Prof de Ed Física Escolar , muito bom esse post e só atualizando para os dias de hoje onde todos esses benefícios que cientificamente são comprovados os nossos governantes não enxergam como tal… Lamentável… Espero mais posts como esse! Parabéns
Sem dúvida, Fernando
Temos um grupo de professores que nos oferece suas contribuições, altamente significativas.
Que tal você encaminhar também?
Abraços
IFSPL
Nesse texto é falado que a Educação Física foi colocada nas escolas como disciplina, pois era muito importante que os alunos/adolescentes/crianças praticassem esportes. Mas, atualmente, há governos que querem tirar a Educação Física das escolas.
Olá, Letícia
Realmente, os adultos que deveriam ser responsáveis pelo estabelecimento de claras políticas educacionais em nosso país, são os primeiros a desvalorizarem os componentes curriculares que lhes são “desnecessários” ou trazem à tona os posicionamentos críticos indispensáveis à vida em sociedade. Certamente, eles todos não tiveram em suas vidas a oportunidade de vivenciarem as práticas da cultura corporal de movimento e a julgam segundo essa ausência. Mas, também, atualmente desconhecem a ética.
Se formos fazer uma análise epistemológica da Educação Física Escolar, compreenderemos facilmente o porque de tanto elementos corretivos nas aulas de EF à anos atrás. Seria ignorância por parte de nós professores, excluirmos esse contexto e continuar nos perguntando porque as coisas eram assim. Por estarmos no processo de reformulação, formação, construção dos nossos objetivos, campo de atuação e estudo, precisamos diariamente ajudar e fortalecer nossa área estudando, se capacitando para que tenhamos subsídio teórico para reivindicar e exigir respeito por parte das outras áreas de conhecimento.
Olá, Francisco. Perfeito. A licenciatura em Educação Física tem sido relegada em inúmeras instituições de ensino superior, o que ocorre nas demais áreas da Educação. Vamos à luta.
Parabéns pela iniciativa, esse artigo ajudará muitas pessoas.
Olá, César.
É da socialização de experiências que construiremos novos caminhos. Venha com a gente. Apresente sugestões e pautas.
Legal.