Resultado do IDEB e a Educação Física: há relação possível?

Nesta semana que passou inúmeros foram os órgãos de comunicação que dedicaram tempo e espaço para a discussão acerca dos resultados, pífios, de nossa educação. Não foram poucas ou infundadas as críticas, inclusive rememorando a ausência de investimentos na área da educação que, embora prometidos e utilizados como fonte de captação de votos, deixaram de existir.

Por outro lado, os questionadores pautaram suas análises em resultados obtidos nos componentes curriculares Língua Portuguesa e Matemática. Gostaríamos apenas de, a título de provocação, colocar em pauta que são estes componentes os que contam com maior carga horária semanal nos currículos escolares, contam com dias alternados para os encontros formativos, recursos de bibliotecas e outros meios de mediação do conhecimento e, no entanto e mesmo assim, apresentam baixos índices de aprovação. Interessante observar que boa parte das pessoas consideram que são estes os dois componentes importantes para a formação de nossas crianças e adolescentes ignorando o significado e relevância de todos os demais componentes da formação humana.

Na mesma semana, um dos periódicos de grande circulação estampa reportagem que indica a necessidade da formação humanística para os próximos tempos. A análise, em nosso entendimento, é resultado da constatação de que nossa sociedade derivou na formação pela educação para trilhas distantes da humanização.

Assim, arriscamos indagar: a corporeidade em meio a todas essas constatações é um elemento distante, dispensável ou equivocadamente colocado na instituição escola ou melhor, na educação? Seriam, de fato os componentes curriculares não mencionados nas críticas pouco ou nada facilitadores da formação humana? E, não estamos propondo a ampliação da carga horária destinada para a Educação Física Escolar. Bastaria, inicialmente, dar a atenção devida a todos os componentes da formação. A este tema adicionamos o que vem sendo “tagarelado” em todos os campos, a escola de tempo integral sem os componentes Educação Física, Artes, Filosofia, Sociologia, por exemplo.

Realmente, a educação para muitos é apenas a formação para o trabalho em que matemática é imprescindível e a língua portuguesa presença.  Os demais componentes não contribuem para a formação. Assim, justificamos o motivo de o incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro não ter qualquer significado para o povo brasileiro. Aliás, museus são espaços inúteis à formação, não é?

 

Daniel Carreira Filho

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