“Minha péssima experiência na educação física escolar”

Estudei minha vida toda em uma só escola, apenas mudei recentemente para uma nova. Estudei nessa primeira escola por uns 11 anos (fiz o ensino infantil e fundamental lá) e tive uns 6 professores de educação física durante esse período.

Entrei com 3 anos e 8 meses na escola, e segundo meu pai, desde aquele momento eu já tinha educação física na minha grade horária. Assumo que nunca curti muito essa ideia de correr e brincar com uma bola. A desculpa que eu mais usava era que devido a minha criação eu era assim. Fui criada dentro de casa. Minha mãe morria de medo de eu sair na rua. Então eu ficava jogando joguinhos no computador, desenhando em papeis e vendo TV. Nunca fui do tipo de criança de correr e praticar atividades físicas.

Ok, eu tive minha fase de gostar de atividades físicas sim. Mas foi uma fase curta, bem curta. Eu estudava na rua de trás da casa da minha madrinha, então geralmente eu passava o dia lá. Na frente da casa dela morava uma menina que estudava comigo e ela era um amor. Ela sempre me chamava para brincar na rua. Mas minha mãe sempre me dizia não. Mas com uns cinco anos mais ou menos, minha mãe me deixava na minha madrinha e voltava pra casa. E minha madrinha sempre foi mais liberal com isso. Então eu ia para rua e brincava.

Lembro que algumas brincadeiras nem exigiam tanto de mim, mas eu me cansava muito fácil. Sinceramente, sou assim até hoje. Segundo meus professores e médicos é pela falta de prática. Acho que essa minha fase foi a mais próxima que eu cheguei de ter uma educação física “escolar”. Não era na escola, mas eram as mesmas coisas que as crianças faziam lá: futebol, pique-bandeira e barra-manteiga.

Dos meus quase 4 anos até meus 5 anos (jardim I e II), os pais poderiam escolher a modalidade que os filhos fariam na aula. As opções que meu pai lembra que estavam disponíveis eram: Judô, Balé e brincadeiras gerais. Como eu assistia muitos desenhos e muitos deles tinham bailarinas, eu pedi pro meu pai me colocar no balé (e ele colocou). Não lembro quase nada dessa época, mas tenho umas fotos e ouço dizer que eu gostava muito.

Dos 6 anos até meus 7 anos (primeiro e segundo ano), eu tive um professor de educação física que não focava muito na aula. Pode parecer estranho uma criança se lembrar de algo assim, mas era muito explicito. Como ele lidava com crianças, ele precisava fazer umas brincadeiras para nós prestarmos atenção. Mas ele perdia tempo demais nisso. Eu me lembro de alguns dias que a gente só ficava cantando na sala.

Dos 8 anos até meus 9 anos (terceiro e quarto ano), eu tive dois professores. Um ficou menos de 3 meses na escola e eu apenas lembro do rosto dele. Mas a outra ficou mais de um ano e meio com a minha turma. Essa foi a época que realmente comecei a me isolar da educação física. No terceiro ano participei de uma copinha, porque ficava com dez na média quem participasse. E eu fui muito mal nos jogos. Segundo meu pai pode ser que eu tenha me afastado das aulas por um trauma dessa época. Essa professora não me trouxe nenhuma experiência muito prazerosa, mas também nunca tive grandes problemas com ela.

Com 10 anos (quinto ano), não foi diferente… Se você está esperando um ano super legal de educação física, pule esse parágrafo, pois eu não tinha nem lugar para ter as aulas. Isso porque em 2012 a diretora inaugurou um novo prédio da escola, mas faltava várias coisinhas nele, e isso incluía a quadra. A quadra foi liberada no último dia de aula. Então por mais que eu tivesse uma professora sensacional, não tive aula nenhuma. O mais legal desse ano é que essa professora tinha sido recreadora da minha turma em 2007/2008, então já tínhamos uma relação afetiva bem interessante.

Com meus 11 e 12 anos (sexto e sétimo ano), voltei a ter aulas com aquele meu professor dos 6 anos e 7 anos. Ele continuava com aquele jeito dele de quem não queria dar a aula. Então acho que nessa época abri mão de vez das aulas de educação física. Nesse mesmo ano eu descobri que podia fazer trabalhos escritos para ter nota ao invés de participar das aulas práticas, então comecei a fazer isso assim que pude.

Com meus 13 anos (oitavo ano), tive outra professora de educação física. Ela já havia me dado aula também, mas de balé. Como já citei, assim que fiz 6 anos passei a ter a educação física convencional e não era mais uma escolha dos pais o que os filhos fariam, então passei a fazer balé fora do horário de aula (fiz isso até o quinto ano/meus 10 anos). Mas as aulas de balé não eram um diferencial muito grande, pois só ensaiávamos para o fim de ano e nada mais. As aulas de educação física no oitavo foram ok. E a “vantagem” de ter amizade com a professora era que eu podia continuar fazendo os trabalhos escritos que agora só podia fazer quem tivesse com problemas de saúde.

Com meus 14 anos (nono ano), mais um professor me deu aula. O último da minha antiga escola. Ele era legal, e eu tentei voltar a fazer as aulas, mas eu não conseguia entrar no ritmo da sala. Então para ter boas notas continua fazendo os trabalhos e ficava sentada no fundo da quadra. Eu usava o horário da educação física para mexer no whatsapp ou conversar com as monitoras da escola. O professor alegava que não podia atrasar o ritmo da sala e que se eu tivesse interesse devia procurar o horário esportivo extra da escola (projeto que passou a dar errado com 2 meses de funcionamento). Eu fui em um dia e descobri que as meninas só iam para ficar com os meninos do turno oposto e vice e versa, e isso me desanimou novamente.

Hoje eu tenho 15 anos, e estou no primeiro ano do ensino médio. Meu professor de educação física é realmente muito bom, mas eu ainda não me adéquo ao ritmo das aulas. Estou passando no médico e fazendo uma bateria de exames para saber o que eu tenho (se é algo sério ou se apenas preciso praticar mais esportes para ir entrando no ritmo). Com as aulas do meu novo professor, consigo reconhecer a importância da educação física escolar e pretendo voltar a pratica-las com frequência.

Mas ainda sim, infelizmente, tenho muitas amigas que não estão vendo melhoras em suas experiências. Elas continuam tendo as aulas monótonas e exclusivas de antes. Garanto a você que uma parte do motivo de eu não fazer as aulas era por “traumas”, outro era vergonha de saber menos, e também uma parte vinha da exclusão que era presente nas aulas. Se você soubesse um pouquinho menos, fosse menina, tivesse alguma deficiência, ou qualquer coisinha desse tipo, logo você não seria tão bem aceito pelo restante da turma.

Escutava também que não participava das aulas porque era nerd e só gostava de estudar, então não merecia ir bem na educação física. Ouvindo isso tinha menos animo ainda para participar da aula. Por isso hoje, pra mim, estar as quartas-feiras às 16h50min na escola é o momento mais tenso da semana, seja pelas dores corporais ou seja pelas coisas que me lembro.

Texto de aluna do ensino médio (2017) Gabriela Costa dos Anjos Arent

Daniel Carreira Filho

21 comentários

  1. O cadáver do indigente
    É evidente que morreu
    E no entanto ele se move
    Como prova o Galileu
    (Chico Buarque)

    Caro Daniel:

    Sou professor de Educação Física desde 1972, quando ainda cursava o primeiro ano da Escola de Educação Física da USP e que, mesmo quando aluno nos ensinos fundamental e médio enfrentara situações apenas semelhantes às descritas por Gabriela.

    Qualquer que seja a disciplina em questão, é preciso ter em vista as diferenças existentes entre o Professor Educador e o Profissional de Educação, onde o primeiro tem como vocação a essência educadora e o segundo tem na educação apenas uma forma de ganhar a vida.

    Apesar de bem antigo o problema, descrito por Gabriela, as diferenças entre o Educador e o Profissional se tornaram maiores a partir dos anos noventa do século passado, por três motivos:

    1- A exigência do jornalista esportivo ter sido obrigado a também ser formado em Educação Física.
    2- A exigência dos técnicos esportivos também terem idêntica formação.
    3- A propaganda ignorante da mídia esportiva sobre um fundamental assunto educacional transformado em secundário assunto profissional.

    Com elas as universidades, que antes formavam bons ou maus educadores com grades curriculares semelhantes, embarcaram num processo, conhecido como “Indústria da Educação”, cujo objetivo principal era diminuir o tempo na formação do professor, provendo-o com menor grade, e consequente bagagem cultural, do que os de outrora, desde que pagasse uma boa soma para isso.

    Naquela mesma década, o Educador Físico viu surgir mais um agravante, naquela “assemelhação” com o Profissional da Educação a que estava sujeito: A criação do CONFEF (Conselho Federal de Educação Física), com seus respectivos CREFs estaduais, que dentre as primeiras “brilhantes” atitudes, foi conseguir uma base legal para a formação dos supostos Profissionais de Educação Física com cursos de duzentas horas, que praticamente jogaram no lixo as grades curriculares de outrora, embarcaram de vez na Indústria da Educação e conseguiram que eu ganhasse “colegas” do tipo, professor Joel Santana, professor Vanderlei Luxemburgo, Galvão Bueno etc.

    Creio que nenhum Educador como eu se sinta confortável ao ser comparado a tais colegas mais famosos, porque, afinal, Educação é algo sério e não um Ópio Popular, todavia, apesar de tantos pesares, ainda tenho observado com gosto o trabalho de alguns colegas mais jovens nas escolas, dos quais sinto dó, porque mesmo recebendo irrisórios salários, hoje é obrigado a contribuir no CREF com cerca de um salário mínimo para poder apenas seguir a sua vocação. Atualmente, esses raros educadores lembram a paródia de Galileu Galilei vista no início.

    1. Olá, Dalton
      No encontrávamos nos corredores do Ginásio do Ibirapuera em nossa formação. Hoje, depois de algumas décadas vividas, intensamente vividas, nos reencontramos no espaço virtual que a tecnologia nos propicia. Mas, infelizmente, ainda são poucos os “novos jovens colegas” que se dedicam à escola, iniciando pelo descaso das instituições de ensino superior com a Licenciatura. Vamos seguindo o caminho, desviando de espinhos, saltando pedras e vivendo a vida na esperança das mudanças. Quem sabe????

  2. Por muitas vezes os alunos se sentem isolados e excluídos das aulas de educação física por conta, não só do próprio professor que não busca uma maneira de incluir o aluno na aula como também dos próprios alunos que isolam aquele que não se encaixa, apenas por não ser hábil com a bola como os outros. Com isso, esse aluno isolado passa a ter “repulsa” não só da aula de educação física como de exercícios físicos em geral.

    1. Olá, Leonardo.
      Há um movimento de culpabilização das pessoas pelo seus afastamentos ou não adesão às práticas da cultura corporal de movimento.
      Mas, em que ponto nós professores pudemos intervir e contribuir para alterar esta realidade? Seria apenas a repulsa ou a ausência de individualidade da oferta das experiências de diferentes manifestações da cultura corporal de movimento? Abraços e muito feliz com sua manifestação.

  3. Infelizmente a Educação Física vive os problemas citados no texto da Gabriela a décadas. Cabe a nós, professores de Educação Física, observar cada aluno e identificar seus comportamentos no âmbito social e educacional. Tais comportamentos que podem implicar no afastamento das aulas de Educação Física e até mesmo das práticas esportivas. Nós professores, temos que nos prepararmos para estes desafios, trazendo metodologias de ensino mais inclusivas.

    1. Olá, Edivaldo
      Realmente, você tem razão. Desejamos com o texto publicado, apresentar a realidade vivida de uma aluna de escola pública de ensino médio que chega a este ponto de seu processo de formação com todas as limitações que indicou. Nós, como você pontuou, somos responsáveis. Abraços.

  4. Olá, Professor Daniel.
    É entristecedor ler o relato da aluna Gabriela e mais entristecedor ainda saber que esse relato está marcado na vida de muitos de nós e de nossos (as) alunos (as).
    Creio que para falar sobre tal assunto é necessário não somente um estudo empírico mas, também, uma análise que parte desde o entendimento do nosso sistema educacional atual à formação dos profissionais de Licenciatura em Educação Física e sua atuação em uma escola.
    Acredito que nessa situação, encaixa-se a diferença defendida por Rubem Alves entre professor e educador. Apesar de ter um pensamento um tanto romântico, ele fala que Professor é uma profissão, aquilo que se pode aprender com aulas. Já Educador é aquele que ama o que faz, que tem uma certa vocação. Mas não podemos resumir a essa crítica. Além do descaso e das várias lacunas na formação em Licenciatura é relevante considerar que grande parte da culpa está na Educação Física que segregava, intimidava e constrangia o (a) aluno (a).
    Por isso, creio que, uma das soluções para que o número desses relatos, como o de Gabriela, reduzam é a inserção de uma Educação Física menos esportivizada e mais inclusiva. Usando não somente aspectos da co-educação mas, também, incentivando ao pensamento crítico e a autonomia dos alunos.

  5. Podemos ver que as experiências vivida por essa aluna não foram muito instigante, tiveram vários fatores como cultural, no qual a família tem um papel importante na questão do apoio as atividades física; a velha rotulação no qual as pessoas impõem sobre as outra, havendo a exclusão por parte do aluno e é claro que os docentes de educação de física despreparado para tal função ajuda bastante para que experiências que deveria ser lúdica e de aprendizado seja de vivências mau sucedidas.

  6. Alguns “traumas” (como fala Gabriela) acontecem no decorrer da caminhada estudantil nas aulas de educação física, creio eu, que na aula de educação física o aluno está sendo convidado a ser corpo e a estrutura escolar por vezes oprime essa experiência de se sentir como corpo-vivido. Dentro do universo da Educação Física é possível contornar situações como essa envolvendo jogos adaptados, uma conversa aberta, um assunto pertinente na turma e mostrar a importância das aulas de Educação Física. Isso tudo sobre um olhar sensível e desposto a trabalhar melhorando essas experiências, pois assim poderíamos compreender o estudante que está nas nossas aulas. Enxergando-o como um ser humano complexo que pode ser influenciado e atravessado por diversos fatores da sua vida e do contexto que estar inserido.

  7. Olá professor Daniel.
    Me entristece bastante ler este relato da aluna Gabriela, me entristece mais ainda ver alguns profissionais tratando as aulas de educação física com um certo descaso. Esse relato, me fez refletir na seguinte questão : Quantas Gabriela posso ter em minhas aulas? Quantos professores iguais aos mesmos que a Gabriela teve ainda deve existir? Ficou essas reflexões para mim, depois dessa leitura, vou observar todas as turmas que trabalho para que não exista outras Gabriela.

  8. Olá professor Daniel.
    Esse texto ainda expõe, infelizmente, a realidade da maioria das escolas no nosso país, professores despreparados e falta de ambientes adequados para a prática de educação física. Nesse contexto, fique quase impossível a criança sentir prazer em praticar atividade física, podendo perpetuar esse descontentamento para a vida inteira, como é o caso da aluna Gabriela, que hoje luta com os conceitos impostos pelo ambiente e a sociedade que ela não é capaz de participar de uma aula de educação física. A nova geração de professores de educação física, juntamente com a antiga geração, necessita intervir de maneira positiva para que seja quebrado o conceito estereotipado que uma massa está construindo sobre a educação física e isso necessita ser mudado, começando pelo professor, escola e alunos, de preferência desde a educação infantil. Ele é responsável por muitos descobrimentos e experiências que podem ser boas ou não. Como facilitador, o professor, deve ter conhecimentos suficientes para trabalhar tanto aspectos físicos e motores, como também os componentes sociais, culturais e psicológicos. Isso significa que, além da capacidade de ensinar conhecimentos específicos, é também papel do professor transmitir, de forma consciente ou não, valores, normas, maneiras de pensar e padrões de comportamento para se viver em sociedade. Fica claro que não se pode transmitir todos esses aspectos descartando o aspecto afetivo – a interação professor-aluno.

  9. Olá professor Daniel.
    Esse texto ainda expõe, infelizmente, a realidade da maioria das escolas no nosso país, professores despreparados e falta de ambientes adequados para a prática de educação física. Nesse contexto, fique quase impossível a criança sentir prazer em praticar atividade física, podendo perpetuar esse descontentamento para a vida inteira, como é o caso da aluna Gabriela, que hoje luta com os conceitos impostos pelo ambiente e a sociedade que ela não é capaz de participar de uma aula de educação física. A nova geração de professores de educação física, juntamente com a antiga geração, necessita intervir de maneira positiva para que seja quebrado o conceito estereotipado que uma massa está construindo sobre a educação física e isso necessita ser mudado, começando pelo professor, escola e alunos, de preferência desde a educação infantil. Ele é responsável por muitos descobrimentos e experiências que podem ser boas ou não. Como facilitador, o professor, deve ter conhecimentos suficientes para trabalhar tanto aspectos físicos e motores, como também os componentes sociais, culturais e psicológicos. Isso significa que, além da capacidade de ensinar conhecimentos específicos, é também papel do professor transmitir, de forma consciente ou não, valores, normas, maneiras de pensar e padrões de comportamento para se viver em sociedade. Fica claro que não se pode transmitir todos esses aspectos descartando o aspecto afetivo – a interação professor-aluno.

  10. O relato das experiencias da Gabriela, refleti de forma parecida minhas proprias experiencias ou na verdade a ausensia delas, em determinado periodo a menina ainda teve opçao de fazer algo que gostava. Eu sempre gostei das aulas de educaçao fisica, mesmo que sobre elas eu só lembre de momentos com professores que nao se dedicavam e apenas faziam o rola bola, quem não gostava de aulas praticas nem precisava ir pois no fim do ano, faria um trabalho escrito de alguma modalidade aleatoria, geralmente pesquisado em uma lan house onde nem o aluno nem o professor deveria ler, servindo apenas pra justificar uma nota para passar. Essa foi minha triste realidade , hoje estudo educação fisica, quero ser professor e um educador melhor do que os que eu convivi na escola, sei que é desafiador e se no meio do caminho eu perceber que não conseguirei ser melhor. Não será vergonha partir pra outra pois acredito que ruim é insistir em fazer algo sem prazer, assim como os professores sem interesse que gabriela citou.

  11. Olá, é triste ler um relato desse e saber que existe profissionais de educação física que não se esforçam para realizar um trabalho adequado para o aprendizado das crianças causando frustrações futuras. Sabemos que, devemos valorizar a identidade de cada criança e refletir sobre como as atividades devem ser preparadas de modo que possamos incluí-las por elas serem humanos em desenvolvimento e que essa falha pode trazer diversas consequências.

  12. A exclusão sofrida por Gabriela nas aulas de Educação Física é uma realidade triste que permeia o ambiente escolar. Mesmo sabendo da importância da Educação física infantil ainda existem barreiras a serem vencidas, a inclusão dos alunos (consequentemente suas participações) nas aulas podem ser um bom começo para ultrapassar essas dificuldades, A inclusão escolar não se trata apenas do processo de inclusão de pessoas com deficiência no ambiente escolar, e sim de garantir o desenvolvimento do ensino e aprendizagem dos alunos que estão inseridos no contexto escolar, acompanhando suas participações nas aulas e dando oportunidade a todos.

  13. Apesar de não conseguir recordar com tanta precisão de todos os anos que envolveram minha fase de Educação Física Escolar, recordo-me muito bem que me afastei de tal maneira das práticas que, quando decidi cursar Educação Física, tive (e tenho) que enfrentar olhares e indagações do tipo: “Você?? Fazendo Educação Física???”. Pois é… Quando pequena as aulas foram ministradas por um ”Recreador” que na verdade assumia funções de porteiro e faz tudo na escola. Eu estava no Ensino Fundamental I e as aulas eram no contra turno. As atividades eram: corra ao redor da quadra, atravesse a quadra de cócoras, faça tantos polichinelos e, finalmente, dividam-se em times e joguem. Toda semana eu saia com alguma parte do um corpo (senão ele todo) com muita dor. Seja do exercício extenuante e completamente sem cuidado, seja por conta das boladas que recebia (algumas na cabeça). Todas as aulas eram assim. A variação era apenas no tempo de cada atividade e no esporte que seria obrigada a participar (um dia era futsal, outro era handebol…). Não tive aprendizado sobre o que era cada modalidade e criei tal aversão que até hoje – com 31 anos de idade – sofro quando vejo que devo praticar alguma modalidade esportiva coletiva. Pior se for com bola. Traumas. Motivação que não existia. A situação só melhorou quando disponibilizaram as modalidades em formato de “Escolinha” em que podíamos escolher o que queríamos fazer, mas sabendo que a nota máxima da disciplina seria reduzida a 8,0. Isso aconteceu já no fim do Ensino Fundamental II. Daí então vi a oportunidade de ganhar meu 8,0 com dança, mesmo sendo convidada pela então técnica do time – que por sua vez era graduada em Educação Física – para jogar no time de Handebol tendo em contrapartida a nota 10,0 garantida até o fim do ano, mesmo sem jogar efetivamente bem. Recusei de pronto e sem pensar duas vezes. Encontrei-me na dança e foi ela que me motivou a ingressar no curso de Educação Física, onde conheci um leque de oportunidades e atividades com as quais me identifiquei. Antes pensava que era moleza minha, preguiça talvez. Mas depois de racionalizar percebi que o problema não era exatamente comigo. Eu simplesmente não tinha motivos para continuar ou para gostar da aulas de Educação Física tradicionais. As instituições de ensino devem atentar para a necessidade de possuir em seu quadro de funcionários um professor de Educação Física Escolar, e não apenas um recreador ou “tapa buracos”, e devem saber qual a participação que estes têm no desenvolvimento e promoção da saúde dos alunos durante sua vida escolar e após esse período. Os professores devem ter em mente que estão lidando com corpos e mentes que precisam ser tratados com cuidado visando uma prática segura e que promova o que se propõe para além de competições – como a saúde e a motivação para permanência em uma vida fisicamente ativa. É claro que cada aluno tem sua individualidade e suas preferências, mas os professores tem como planejar, variar e controlar suas aulas de modo que as mesmas se tornem interessantes e não representem algo negativo no presente ou no futuro de seus alunos.

  14. Apesar de não conseguir recordar com tanta precisão de todos os anos que envolveram minha fase de Educação Física Escolar, recordo-me muito bem que me afastei de tal maneira das práticas que, quando decidi cursar Educação Física, tive (e tenho) que enfrentar olhares e indagações do tipo: “Você?? Fazendo Educação Física???”. Pois é… Quando pequena as aulas foram ministradas por um ”Recreador” que na verdade assumia funções de porteiro e faz tudo na escola. Eu estava no Ensino Fundamental I e as aulas eram no contra turno. As atividades eram: corra ao redor da quadra, atravesse a quadra de cócoras, faça tantos polichinelos e, finalmente, dividam-se em times e joguem. Toda semana eu saia com alguma parte do um corpo (senão ele todo) com muita dor. Seja do exercício extenuante e completamente sem cuidado, seja por conta das boladas que recebia (algumas na cabeça). Todas as aulas eram assim. A variação era apenas no tempo de cada atividade e no esporte que seria obrigada a participar (um dia era futsal, outro era handebol…). Não tive aprendizado sobre o que era cada modalidade e criei tal aversão que até hoje – com 31 anos de idade – sofro quando vejo que devo praticar alguma modalidade esportiva coletiva. Pior se for com bola. Traumas. Motivação que não existia. A situação só melhorou quando disponibilizaram as modalidades em formato de “Escolinha” em que podíamos escolher o que queríamos fazer, mas sabendo que a nota máxima da disciplina seria reduzida a 8,0 (em uma escala de 0 a 10,0). Isso aconteceu já no fim do Ensino Fundamental II. Daí então vi a oportunidade de ganhar meu 8,0 com dança, mesmo sendo convidada pela então técnica do time – que por sua vez era graduada em Educação Física – para jogar no time de Handebol tendo em contrapartida a nota 10,0 garantida até o fim do ano, mesmo sem jogar efetivamente bem. Recusei de pronto e sem pensar duas vezes. Encontrei-me na dança e foi ela que me motivou a ingressar no curso de Educação Física, onde conheci um leque de oportunidades e atividades com as quais me identifiquei. Antes pensava que era moleza minha, preguiça talvez. Mas depois que me tornei capaz de racionalizar percebi que o problema não era exatamente comigo. Eu simplesmente não tinha motivos para continuar ou para gostar da aulas de Educação Física tradicionais. As instituições de ensino devem atentar para a necessidade de possuir em seu quadro de funcionários um professor de Educação Física Escolar, e não apenas um recreador ou “tapa buracos”, e devem saber qual a participação que estes têm no desenvolvimento e promoção da saúde dos alunos durante sua vida escolar e após esse período. Os professores devem ter em mente que estão lidando com corpos e mentes que precisam ser tratados com cuidado visando uma prática segura e que promova o que se propõe para além de competições – como a saúde e a motivação para permanência em uma vida fisicamente ativa. É claro que cada aluno tem sua individualidade e suas preferências, mas os professores tem como planejar, variar e controlar suas aulas de modo que as mesmas motivem e não representem algo negativo no presente ou no futuro de seus alunos.

  15. Observando as experiências negativas de Gabriela, podemos enfatizar que durante seu processo de construção do conhecimento na educação física faltaram ações que estimulassem processos criativos, que envolvessem ação e resignificação. Onde, o fatores emocionais de negação à participação ocorreram através de vivências frustradas de aprendizado. As atividades lúdicas seriam importantes no engajamento de crianças e jovens na construção do seu autoconhecimento e aprendizagem, pois permite a inclusão da imaginação, estimulando ações criativas. Essa ausência fez com que a aluna se manifestasse somente através dos trabalhos escritos. Apesar de seu relato, sabemos do importante papel da Educação Física escolar na formação do indivíduo, desde que sejam estabelecidos momentos criativos e de sistematização de conhecimentos no processo de ensino-aprendizagem.

  16. ´`Olá, Professor Daniel.
    A realidade da maioria das escolas é essa comentada em seu blog, a grande maioria dos professores não presta atenção em seus alunos, e esses alunos são as vitimas mais afetadas, porem deve ser analisado caso a caso, um histórico sobre o professor dirá muito sobre ele. o professor é o elo que liga sociedade e sala de aula, sua não valorização em nosso país vem de um contexto histórico e cultural bem forte que só aumenta, e sua formação acadêmica é bem diversificada por conta das várias instituições existentes sem qualquer fiscalização de como esses indivíduos são formados. Um bom professor deve ter alguns requisitos como; domínio de conteúdo, metodologia de fácil acesso, envolvimento, apropriação a realidade dos alunos, ele deve ter grande significado para seus alunos e fazer com que tenham sempre novas descobertas. e como professor de educação física, as partes físico motoras, sociais, culturais e pigopágicos.

    Marcus Vinicius Forte do Nascimento Filho

    EDUCAÇÃO FÍSICA- UFC.

  17. O texto mostra a realidade que muitas crianças tem na educação física, as experiencias ruins fazem com que Gabriela se afaste da educação física, as boas experiencias a seguram, fazendo com que ela se mantenha nas praticas corporais. A criança é estimulo e nesse contexto os pais tem sua parcela de responsabilidade pois são em sua maioria muito cuidadosos, os professores são excepcionas, sendo eles o elo entre a escola e a sociedade. O fato é que alguns professores parecem conseguir ver maneiras de driblar as varias dificuldades que são impostas pelo sistema e pelos pais dos alunos e o mais importante dar a dose certa de vontade, apresentando propostas que os alunos possam cumprir e em seguida passem de nível..

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