(H)a(‘) aula!!??

O CONPEFE (Congresso dos Professores de Educação Física Escolar) em sua sétima edição já deixou saudades e uma enormidade de questionamentos a serem desvelados nos próximos tempos de mediação docente. Foram inúmeros temas debatidos nas conferências, palestras, vivências, oficinas, apresentações orais, pôsteres e webpôsteres que, de forma concreta, estarão presentes nos momentos de apropriação de conhecimentos entre docentes e discentes em todos os níveis de ensino.

Uma questão está em nossa mente, um tanto incomodativa e provocadora, que é a presença das temáticas nas aulas desenvolvidas pelos docentes em todos os níveis de mediação na Educação Básica Nacional. Resumidamente, meditamos sobre a organização de uma aula, um encontro de aprendizagem, socialização de saberes, provocação que deveria, em tese, atender aos inúmeros preceitos abordados. Por exemplo, a aula deve atender a todos, respeitar as diferenças individuais, a diversidade, os anseios, desejos, ser um momento de apropriação de saberes, ser dinâmico, atender às possibilidades da cultura corporal de movimento, contribuir efetivamente para a formação humanizada da(o) cidadã(o).

Mas, pelas iniciativas governamentais, em todos os níveis da gestão pública, observamos que a Educação Física ainda é compreendida como um momento de lazer, formação e busca de talentos em detrimento dos demais, formação de equipes para competições esportivas (que absorvem recursos vultosos) e o abandono da aula que, em suma, é o principal momento para o aprendizado, a apropriação de saberes e a autonomia corporal ao final do ciclo de 12 anos da educação básica.

Existem, ainda, instituições que colocam a Educação Física fora do horário escolar comum, aglutinam aulas em um mesmo dia, colocam-na no final do dia como forma de catarse ou de pura recreação e a suprimem em número de anos escolares ou mesmo aulas semanais. Mas, caros colegas, as instituições são geridas por “educadores”, “pedagogos”, colegas licenciados e com formação para a gestão pedagógica e administrativa da Escola. São estes, exatamente estes que não valorizam de forma igualitária todos os componentes curriculares da formação de nossas crianças e adolescentes.

O chamado Projeto Político Pedagógico da escola, que deveria ser construído a múltiplas mãos, é o documento obituário da Educação Física Escolar, da Educação Artística (Artes), da Filosofia, Sociologia e outros mais que são, no contexto equivocado da formação para o trabalho ou da formação do operário em nível técnico, componentes supérfluos ou amplamente desnecessários. Colhemos os resultados, ou não? O que vivemos em nossa sociedade, do hoje, é o reflexo do abandono da Educação ou do reconhecimento de que “devemos evitar a formação de uma sociedade crítica, cooperativa, solidária, humanizada e com capacidade de expressão responsável”, pois estes poderão votar e saberão, melhor do que antes, escolher entre os que merecem ser seus representantes. E este exercício crítico tem início na escola. Mas, infelizmente, não há um ambiente que, de fato, permita, facilite, encoraje ou proponha a formação efetivamente crítica.

Vamos à luta! A corporeidade não é território exclusivo da Educação Física Escolar porém, sem ela, pouco se pode discutir concretamente em especial com os adolescentes.

Daniel Carreira Filho

4 comentários

  1. Concordo com o que acima foi mencionado.
    Temos que mudar essa visão de que educação física é apenas momentos de relaxamento, ou vou porque fico sem nota, ou vou reprovar.
    Tirar essa disciplina ao meu ver, é uma forma de tirar a oportunidade dos nossos adolescentes deixarem de socializarem.
    Educação física, assim como outras disciplinas nos traz aprendizado que mudam a vida de muitos jovens.
    Eu mesma, não estou vendo essa atividade como um momento de lazer, pelo contrário, aprendi a me conhecer a saber de meus limites.
    Não sou conhecedora nesta área, mas sou mãe, e sei que para meu filho esta atividade vai além de uma quadra, uma bola.
    Sim tudo que vem aprendendo e passando aquilo que seu professor, posso ir mais além, amigo vem transmitindo.
    Importante tanto quanto outras disciplinas.
    Infelizmente, sabemos que em pleno século XXI, temos tantas divergências em relação a esse tema.
    Um abraço.

    1. Olá, Creusa
      Muito bom que tenha oportunidade para ampliar suas possibilidades pessoais e que seu filho reconheça a amplitude de saberes sobre a corporeidade em suas aulas.
      Muito obrigado pelo posicionamento.
      Abraços

  2. Prof.Daniel!
    Fico feliz por este blog, onde de uma certa forma possamos nos expressar.
    Um ponto que se foi colocado em seu blog, posso dizer a indignação por parte do sr em relação como é vista essa disciplina, acredito e já foi conversado, que essa desvalorização não vem , é claro dos docentes desta área, mas do próprio sistema que hoje vivemos e infelizmente ainda vêem essa disciplina sem valor ou a importância que nos trás.
    Algum tempo atrás, em uma escola quando todos os docentes estavam em uma reunião de conselho, ao chegar o professor de Educação Física, simplesmente riram e disseram:
    -Esse professor pode passar, pois não teria nada a dizer
    Sua disciplina é apenas dar presença uma bola e algumas risadas
    Sabemos por se tratar de um docente competente e comprometido com o que assim foi proposto.
    Essa visão parte de algumas escolas e professores…..
    Em resumo, a mudança temos que ter a partir do nosso sistema, governantes, em valorizar mais esses profissionais.
    Mostrar para alguns docentes que essa disciplina vai muito além daquilo que vivênciaram no passado, onde essa atividade era vista ,como hoje ainda alguns estão vendo. Temos que contar que em anos passados nós que hoje mães e muitos avós, tínhamos nossas ruas e quintais para nos movimentarmos e nos socializar, aprendíamos de uma forma lúdica.
    Com a modernização e os altos prédios, isso fez com que afastassem os jovens desta prática, os deixando sedentários.
    A importância do profissional de Educação física escolar precisa ser vista e revista
    Fica o desabafo
    Abraços

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