Mudanças nas regras do Impedimento

(Foto: Cesar Greco/Palmeiras)

Voltamos a opinar sobre as ideias para se mudar a regra do impedimento, seja aumentando a largura da linha traçada pelo VAR para 12cm ou considerando que só haja impedimento quando o corpo inteiro de um atacante estiver à frente do penúltimo defensor. Pensamos que qualquer dessas propostas, ao contrário do que se imagina e deseja, não ajudará o futebol, não aumentará o número de gols, mas apenas prejudicará, senão impossibilitará, a atuação dos árbitros assistentes.  Com efeito:

1 – os assistentes não teriam apenas que olhar se qualquer parte do corpo de um atacante, afora os braços e mãos, estaria à frente do penúltimo defensor (visão em linha), também teriam que calcular se a parte avançada do atacante seria de até 12cm, pois só a partir de 13cm haveria impedimento. De outro lado, com base na proposta do corpo inteiro, os assistentes teriam que ver se, além do corpo inteiro de um atacante que esteja à frente, também se a ponta de um pé; se um joelho; se um ombro; ou mesmo uma panturrilha mais grossa etc. estaria na linha de qualquer parte do corpo de um defensor, ainda que com menos de um centímetro. Tudo que seria impossível para o ser humano. É verdade que nos jogos em que houvesse VAR, a percepção de tais fatos seria possível, mas a regra também teria que ser mudada, para disciplinar o impedimento em jogos com e sem VAR, ou seja, para ricos e pobres, o que afrontaria a universalidade do futebol. Tudo sem nos esquecermos de que, em jogos com VAR, as sinalizações dos assistentes sempre seriam inconsistentes;

2 – ademais, no sistema da linha traçada pelo VAR ser mais larga, um gol de um atacante com 12cm à frente do penúltimo defensor valeria, mas com 13cm seria anulado. O resultado é que a diferença 01cm que hoje gera controvérsia também geraria amanhã;

3 – essas ideias, além de tudo, também quebrariam o princípio de igualdade entre atacantes e defensores;

4 – De outra parte, sem medo de errar, afirmamos que nenhuma das propostas aumentará o número de gols, tanto porque a diferença física é mínima, como porque a tática do futebol se ajustaria à nova regra. Prova disto é que, de acordo com a regra anterior, um atacante que estivesse na mesma linha do penúltimo defensor estaria em posição de impedimento e hoje, apesar de tal posição ser legal, a quantidade de gols não foi alterada.

Por fim, antevemos que os autores e seguidores de tais ideias, em breve, ao perceberem que nada se modificou, salvo complicar o futebol e tornar impossível o trabalho dos assistentes, pretenderão ampliar ainda mais a distância entre atacantes e defensores ou, quem sabe, terminar com o impedimento, o que afundaria o futebol taticamente. Estamos colocando o sofá na cozinha e o fogão na sala. Invenionice! A regra atual, além de praticável humanamente, também é justa, pois o gol válido ou anulado de uma equipe terá igual resultado para a outra.

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