Está rendendo muita controvérsia a expulsão de Léo Jardim, por segundo cartão amarelo, pelo árbitro Flávio de Souza, em razão da ação do goleiro do Vasco para retardar o reinício do jogo. Não é de hoje que vimos apontando a fragilidade de nossa arbitragem, que não tem padrão, em muitos pontos, mas, no particular, ao pararem os jogos sistematicamente e permitirem atendimento em campo de todo e qualquer jogador e sem o mínimo indício de lesão, muito menos grave.
Aliás, paradoxalmente, quando se trata de choque de cabeça, é uma suspeita de lesão grave e, em razão da qual os jogadores não precisam deixar o campo, nossa arbitragem não cumpre a regra e os obriga a sair. Isso, além da já registrada violação da regra, ainda causa perda de tempo com os deslocamentos de tais jogadores para deixarem as quatro linhas e tira o foco dos árbitros, que dividem sua atenção para analisar o momento oportuno dos retornos.
Resultado: paralisações indevidas; atendimentos em campo proibidos e, no caso das lesões tratadas como graves, ferimento literal da regra, ao obrigar os jogadores a deixarem o campo. Parece que, no caso de Leo Jardim, que, indiscutivelmente, simulou contusão, o Vasco ainda estaria querendo coonestar a atitude de seu goleiro, ao divulgar laudo médico relativo à lesão grave, que, certamente, o impossibilitará de voltar a campo por longo período!
É a caricatura de nosso futebol em todos os sentidos. Não bastasse, ainda teria sido o médico do Vasco e não o paciente, que autorizou a divulgação do laudo. Com a palavra, o Conselho de Medicina. A questão, agora, é saber a posição da Comissão de Arbitragem da CBF, em relação à acertada expulsão e no que toca às diretrizes a serem traçadas, embora com muita tardança, sobre o assunto.
Tomara que não seja, paradoxalmente, no sentido de permitir atendimentos em campo, mesmo sem aparência de lesão, enfeiando e paralisando ainda mais nosso já horrível futebol, do ponto de vista ético. Aliás, o que dirá o Comitê de notáveis sobre o assunto? Estamos curiosos.
O árbitro, de fato, não é médico, mas tem autoridade para agir em casos como este em que não houve, à toda evidência, qualquer sintoma de lesão, sobretudo de natureza grave, como o Vasco estaria deixando transparecer, ao divulgar um laudo médico, que, por certo, afastará seu bom goleiro das canchas por longo período, salvo se o spray que Leo Jardim queria que lhe fosse aplicado seja, efetivamente, for milagroso.
Expulsão correta. Leo Jardim queria ganhar tempo simulando contusão e, pior ainda, desafiando a autoridade do árbitro, mesmo após ser advertido. Poderíamos ficar por aqui, por ser o suficiente. Todavia, não vamos nos silenciar diante da conclusão de que o árbitro teria cometido um grave erro se Leo Jardim, em lugar de deixar o campo andando naturalmente como fez, recebesse atendimento médico, saísse na maca, etc. Opinião dessa natureza é um ensinamento, um alerta maléfico para situações futuras, que mais enfeiará nosso futebol e o distanciará da ética.
No caso, Leo Jardim, ainda que fosse para um hospital, não afastaria a correção de sua expulsão, muito menos seu claro objetivo de retardar o jogo. A intenção do goleiro foi clara e nada esconderia sua simulação.
Por fim, observamos que as opiniões no sentido de ser mais “razoável” permitir o atendimento e acrescentar o tempo perdido corresponde a dizer que as pequenas transgressões devem ser toleradas ou até estimuladas e, pior ainda, que a quebra da dinâmica do jogo, sendo da sua essência, não prejudica o esporte rei.