Diante do grave momento de crise do setor, muitos dos agentes de nosso futebol, sob a coordenação da CBF, estão se unindo para encontrar solução para as múltiplas falhas da atividade. Dentre as providências sugeridas e até já adotadas, encontram-se a formação de um Grupo de Trabalho com integrantes de diversos segmentos do esporte, visando a profissionalizar os árbitros, de modo a remunerá-los condignamente e lhes dar contínuo apoio psicológico, nutricional, físico e técnico.
Também se anuncia melhoria na tecnologia posta à disposição do esporte; programa-se, ainda, aperfeiçoamento na formação dos árbitros etc. etc. Todas essas medidas são positivas, mas não o suficiente para conduzir nossa arbitragem ao nível de qualificação desejado. É que, ao lado dessas providências e talvez como ações até mais urgentes e importantes, é imperioso que se resgatem a auto-estima, o controle emocional, a confiança e a autoridade de nossos apitadores. Também é imprescindível a uniformização de critérios técnicos e disciplinares, por conduto de instruções claras, firmes e harmonizadas com as regras do jogo.
No particular do VAR, setor que tem sido dos mais vulneráveis, é imperioso que sua razão de ser – corrigir erros claros, óbvios – seja retomada, dentre outras medidas técnicas básicas, como o efetivo domínio do plano de câmeras; a análise dos lances com imagens completas e nas velocidades do jogo, não com fragmentos das jogadas, em câmera lenta e considerando só os pontos de contato, pois essas facetas apenas servem para provar fatos, nunca para definirem a forma como os incidentes acontecem, principalmente as infrações de mão e a intensidade das entradas, disputas e dos atos de golpear.
É urgente que a CBF adote integralmente o princípio ético da transparência, transmitindo ao vivo todas as imagens das revisões e checagens, sempre que o jogo estiver paralisado. Uma vez adotadas essas providências, seguramente nossa arbitragem ganhará outra fisionomia e resgatará sua credibilidade.
Mas não é só. Também é necessário que a gestão da arbitragem seja firme e independente tecnicamente; que haja investimento no aprimoramento e formação de instrutores, sem o que o desejado profissionalismo dos árbitros trará pouco progresso; que os jogadores sejam instruídos sobre as regras e a essência do jogo, para atuarem com mais profissionalismo, evitando tantos protestos, como, em especial, para não praticarem simulação e atos de violência, inclusive evitando que sejam as vítimas do amanhã.
