Não é preciso que haja muitos erros em pênaltis, gols etc. para que uma arbitragem seja considerada desastrosa. Basta, para tanto, que ocorra apenas um erro grosseiro e que possa interferir no resultado de um jogo, como aconteceu nesse sábado, 05/10, em Bahia x Flamengo. Com efeito, assim como foi correta a expulsão de Santiago Arias, do Bahia, por dar um tapa no rosto de um adversário, a cotovelada de De la Cruz, do Flamengo, em Lucho Rodrigues, do Bahia, também exigia Cartão Vermelho e até mais claramente, porque uma cotovelada, com o cotovelo dobrado, no rosto e com intensidade pode causar lesão bem mais grave do que um tapa.
A foto acima ilustra a agressão. A não expulsão de De la Cruz tornou-se mais grave porque contou com a omissão do VAR. Mas não é só. É que, além do erro imperdoável, ainda há de se lamentar o sinal preocupante que Rafael Klein, cujo futuro ainda se apresenta muito promissor, estaria dando no sentido de que abandonaria sua característica de árbitro raiz, espontâneo, seguro e firme e, assim, deixando de tomar as decisões em campo, para ter o VAR como “bengala”. Isso seria a ruína de sua carreira e, portanto, seu calvário. Acorde, Rafael, ainda há tempo.
O árbitro que foge de suas características pessoais tem duas imensas dificuldades simultâneas: controlar o jogo, o que, embora difícil, é natural da função, e a si próprio, tarefa que é quase impossível, porque a arte de arbitrar um jogo de futebol exige emoção. Essa suposição nasce do fato de que, apesar de ambas as agressões terem sido muito claras, grosseiras, ostensivas e descortinadas, Rafael Klein deixou as decisões disciplinares para o VAR, conquanto ainda seja certo que na agressão de De la Cruz nem falta ele marcou! A propósito, é oportuno dizer que a não marcação dessa falta de De la Cruz, ademais, provocou, no lance seguinte, a aplicação de Cartão Amarelo para Everaldo, do Bahia, que, apesar de merecido, seria evitado se a indicada falta fosse marcada.
Duplo prejuízo, portanto, para o Bahia. O mais grave de tudo é que o VAR, Marco Aurélio Augusto Fazekas, atuou somente no lance de Santiago Arias e se omitiu na agressão de De la Cruz, o que não se compreende nem se justifica absolutamente e por nenhum argumento, já que não existiu falha na transmissão, cujas imagens foram levadas ao vivo e para todo o público. Logo, apenas por esse erro, afora, portanto, sua instabilidade técnica e emocional durante toda a partida, bem como pelo fato de a não expulsão de De la Cruz, ainda com muito tempo a ser jogado, ter certamente causado grande prejuízo ao Bahia e, quiçá, até alteração no resultado do jogo, a arbitragem de Rafael Klein e do VAR não merecem outra qualificação senão a de “desastrosa”.
Por fim, importa questionar o porquê da atual instabilidade de nossa arbitragem, principalmente pela completa ausência de critério e pelos frequentes erros que têm interferido nos resultados dos jogos: teriam nossos árbitros, com duas ou três honrosas exceções, desaprendido tudo? Estariam nossos árbitros amedrontados e, portanto, inseguros por força de uma gestão que não sabe acolher, orientar, mas apenas pressionar? A atual performance do setor seria produto das oscilações nas orientações, ora assim, ora assado? Seria, enfim, por força das energias negativas do comando maior da CBF? Só Deus sabe.