Flamengo x Corinthians – Futebol e arbitragem de primeira – Premiação prejudicada

Wilton Pereira Sampaio apitou a final (Foto: AFP/Carl de Souza)

Antes de falarmos da arbitragem da partida de volta, a finalíssima da Copa do Brasil 2022, é preciso registrar a conduta das equipes, que revelaram para o mundo do futebol como o jogo deve ser desenvolvido, ou seja, com garra, luta, mas com lealdade, com respeito aos adversários e, principalmente, ao público.

Parabéns ao Flamengo e ao Corinthians. O Brasil agradece o belo espetáculo.

Acompanhando a conduta dos clubes, Wilton Pereira Sampaio e seus auxiliares, Bruno Pires e Bruno Boschilia, estes com duas decisões muito corretas e difíceis, realizaram um trabalho digno de uma final.

Wilton foi seguro, discreto e feliz em todas as interpretações. Soube, na hora e na medida certa, agir disciplinarmente para controlar o jogo, por isso que foi o principal responsável pelo clima de disciplina e respeito da partida.

Boa viagem ao Qatar para os três, juntamente com Rafael Claus, Rodrigo Correa, Danilo Manis e Nauza Back.

Representem o Brasil e nossa arbitragem como vocês bem sabem e digam ao mundo (sobretudo o interno) que nossa arbitragem é de alta qualidade. Errar, todos erram. Nós é que super valorizamos nossos equívocos. Apitem e bandeirem muito e tudo, menos a partida final, salvo se nosso Brasil cair antes!

Todavia, porque nem tudo são flores, menos para criticar e mais para contribuir e servir de exemplo, precisamos registrar os dois fatos que tiraram o 10 da equipe de arbitragem:

O primeiro foi a indevida e contínua permanência de Dorival Junior, técnico do Flamengo, fora dos limites da área técnica, ante os olhos permissivos do 4º e 5º árbitros, ou de Wilton, se foi comunicado. Note-se que não se tratou de uma saída eventual por entusiasmo do treinador, mas de uma situação rotineira.

A outra ocorrência que retirou o 10 da equipe de arbitragem foi a não exibição, em tempo real, das linhas de impedimento, nos lances em que dois gols do Flamengo foram anulados. Essas falhas, todavia, devem ser atribuídas à Comissão de Arbitragem, pois, como temos dito, o publico precisa saber como as linhas foram feitas, até por ser certo que as imagens posteriores, quando exibidas, não mostram as linhas verticais que indicam os pontos dos corpos dos jogadores que foram considerados. As imagens desses lances não foram publicadas até o momento de envio desta coluna para publicação, quiçá seguindo a posição da Comissão de somente divulgar as imagens dos lances revisados, o que é mais um erro, pois há lances controversos que, mesmo sem revisão, são do real interesse do público.

Reiteramos que a CBF e sua Comissão de Arbitragem precisam entender que transparência e ética não são opções e que o futebol é primordialmente do público.

De outro lado, registramos que a festa não foi completa por conta da indevida presença de muitos torcedores dentro do campo, após o encerramento da partida.

A propósito, julgamos que tudo que dissemos e sugerimos em nossa coluna de 18/10/2022, abordando as invasões de campo nos jogos Ceará x Cuiabá e Sport X Vasco, ocorridos em 16/10/2022, pode, sob a liderança da CBF, com os devidos ajustes, ou seja, considerando as respectivas causas as consequências daqueles e deste último evento, servir de base para as medidas preventivas comportáveis.

Nesse linha, embora nada de grave tenha acontecido, pois a motivação dos torcedores que entraram em campo era de alegria, o certo é que o fato não pode passar sem as devidas análises e providências e, muito menos, ser estimulado, tanto porque houve violação objetiva das obrigações do Flamengo, na qualidade de mandante do jogo, como pelo elevado risco de conflito, e, finalmente, porque, no mínimo, os milhares de torcedores que ficaram nas arquibancadas tiveram suas visões prejudicadas para assistirem ao ato das premiações.

Ao Flamengo e à CBF, como entidades responsáveis pela organização do evento, cumpre o dever de adotar as medidas comportáveis, sobretudo para prevenir situações futuras, e ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva-STJD a obrigação de fazer incidir a lei.

Por fim, observamos que vale para cá nossa observação contida na referida coluna, sobre a necessidade de constituição de uma força tarefa para dar rumos mais profissional e civilizados a nosso futebol.

Ao leitor, a palavra final.

Manoel Serapião filho

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