Uma das pessoas que eu mais gosto no mundo do futebol é o treinador Muricy Ramalho. Toda aquela marra durante as entrevistas me diverte. Seu humor ácido é apenas um escudo para se defender, afinal de contas, a pressão no mundinho da bola beira o insuportável.

Muricy já disse em diversas entrevistas no programa Mesa Redonda que tem poucos amigos no mundo do futebol, que há muita falsidade. É um treinador transparente, um homem vencedor, um eterno garoto que ama a bola e, talvez, por isso, seja tão difícil determinar a hora de parar.

Aos 62 anos de idade, o comandante do Flamengo deu um susto nos torcedores, jogadores, jornalistas e fãs de seu trabalho, ontem, quando foi internado com arritmia cardíaca. Felizmente, hoje, ele recebeu alta. De qualquer forma, essa não foi a primeira vez que Muricy deu um susto em nós.  Ano passado, em janeiro, foi internado com diverticulite. Posteriormente, depois de uma relação conturbada com a diretoria do clube que o cobrou publicamente, deixou o comando da equipe. Fiquei muito chateada naquela época, assim como os torcedores, mas ele precisava de um tempo para descansar. Saiu por cima, saiu deixando saudades nos torcedores.

Muricy começou como jogador em 1971 no Tricolor, mas só estreou numa partida oficial em agosto de 1973. Tantos anos vivendo no mundo da bola devem complicar a hora de se despedir, tanto que dizem que o jogador morre duas vezes, uma delas quando para de jogar. Mas o Muricy conseguiu se consagrar mesmo depois de atuar dentro das quatro linhas. Só que agora ele precisa pensar mais em aproveitar a vida, curtir a família, cuidar de quem ama e deixar de se estressar tanto com o futebol. Pelo seu próprio bem, pela sua saúde.

Claro que o futebol vai ficar mais chato sem Muricy, mas talvez seja a hora dele parar e continuar forte e saudável. Quem sabe investir numa carreira de comentarista esportivo? Conhecimento, histórias e bom humor ele tem de sobra.

Se cuida, Muricy! Gosto de você!