Messi, Cristiano Ronaldo e Neymar são craques sem pátria

Foto: Sergio Barzaghi/Gazeta Press
Foto: Sergio Barzaghi/Gazeta Press

Meus amigos. Tenho 62 anos de idade e passei 40 deles vividos mergulhado de cabeça no futebol. Tive muita sorte. Peguei o auge, a geração de ouro, os semideuses da bola atuando todos finais de semana debaixo do meu nariz. Era no Pacaembu, Palestra Itália, Rua Javari, estádio Nicolau Alayon, Parque São Jorge e Vila Belmiro (na Baixada Santista). Assisti a duelos de Titãs. Rivellino x Ademir Da Guia. Pelé x Garrincha. Didi x Carlinhos Violino. Dava prazer, uma espécie de emoção estética. Uma coisa parecida com o Teatro Grego Antigo: uma purgação da alma ao sentir-se frente a frente com uma obra de arte.

Naquela época, ganhava-se pouco e jogava-se muito. Põe muito nisso. Atletas tinham nome, R.G., CPF e endereço para correspondência. E todos moravam no Brasil. Maioria pobre, saída das camadas de baixa renda daquele Brasil de JK, primeiro honravam a camisa dos clubes como nunca. Depois, sonhavam acordados com a seleção brasileira, o ápice da carreira para qualquer cristão apaixonado pelo futebol.

Mas tudo muda. Às vezes para pior. Não sou saudosista, pelo contrário. Agora é sempre melhor do que ontem. No entanto, me sinto chocado quando ouço comentários a respeito de Neymar, Messi e Cristiano Ronaldo. Os três são um sucesso nos clubes aos quais pertencem e um fracasso nos selecionados nacionais. São os melhores do mundo europeu da bola, mas os piores defendendo seus países.

Agora vem Messi abandonando a Argentina. É o fim da picada. Alfredo Di Stefano, Ardiles e Maradona jamais agiram assim. Aceitaram a responsabilidade como um desafio e não uma carga sobre os ombros, honrando a camisa hermana de maneira limpa e honesta. Erraram também, porém nunca se omitiram. Não duvido que Neymar vá pelo mesmo caminho no futuro. Já Cristiano Ronaldo é vítima das circunstâncias. Portugal nunca teve uma seleção a altura dele.

O que é mais importante, o Todo (Nação) ou a Parte (um jogador de um clube). Até onde eu saiba, a Parte compõe o Todo desde Tales de Mileto, o primeiro filósofo grego. A Parte tem lá certa autonomia, mas é engolida pelo Todo. Ou seja, Messi não é maior do que a Argentina; nem Neymar maior do que o Brasil. O mesmo valendo para Ronaldo e Portugal. Falta sim um pouco mais de sentido ou análise coletiva por parte de jogadores e coleguinhas.

E tenho dito!

5 comentários

  1. Sua fonte é furada. Tem um vídeo no youtube, vídeo esse que passou no fantastico onde tem o depoimento do próprio Neymar Jr fala que é Palmeirense.

  2. Postei isto outro dia no face , tenho 61 anos , os jogadores do exterior perdem a identidade com o povo , sou santista mas desconheço o Neymar quando joga na seleção , tem nada a ver com aquele moleque do peixe , dizem Chico que os craques do passado não jogariam nada hoje em dia , imaginem um time hoje sem trocar jogadores , sem o cartão amarelo , dependendo da boa vontade do arbitro . sem falar no transporte dos jogadores em um País de tamanho continental como o nosso . Somos rivais em times , mas irmãos em pensamento , Abraços !

  3. Ainda bem que com meus 54 anos, não passei 40 “mergulhado no futebol” que serviram para não apreender muito… comparar Messi com Neymar o Cristiano Ronaldo, é o mesmo que querer fazer a comparação entre Pelé e Maradona, tão comentada sempre… Neymar é o “Robinho atual”… endeusado no Brasil, que necessitamos sempre de um ídolo para continuar acreditando que somos os “mais grandes do mundo”… mais que, no vamos a ver, são mais marqueteiros, gananciosos e aproveitadores do momento, fazendo festas, pegando a mulher que aparecer e, logicamente, com todos nós gritando “Grande Robinho… grande, Neymar”… Messi teve oportunidades de se vestir com a camiseta da “Fúria” e preferiu a de sua pátria, mesmo tendo que sair dela para se tratar na adolescencia… se jogasse pela Espanha, já teria um campeonato mundial e, fora outros títulos, duas Eurocopas… Messi vive, ama e sente a Argentina no seu coração… as lágrimas são de não poder levar ao seu povo, tantos éxitos pessoais (muitos mais do que Pelé e qualquer outro…) que consigam abrir um sorriso de todos os argentinos que sofrem por política, pobreza e muito mais e que, num grito de campeão, podem expressar toda a alegria e felicidade até agora contidas no peito… e o Brasil, que vive igual ou pior situação que os argentinos? Pensamos que o Neymar vai trazer essa alegria? Que ilusos que somos… Neymar, só pensa nele e brinca de ser chamado de “brasileiro”…

  4. Falou tudo Chico, eu tenho 44 anos e segui de perto a geração de 80 que não ganhou uma copa do mundo, mas a cada final de semana, você via o Morumbi, Pacaembu, Maracanã ou Mineirão lotado só pra assistir uma bela partida de futebol, não tinha cadeira estofada, era no concreto mesmo onde o futebol era a diversão da imensa maioria pobre desse país, novos tempos, futebol para classe média alta, craques quase nenhum, e a nossa seleção sendo motivo de chacota de rivais que até ontem se perguntavam de quantos vamos perder hoje do Brasil.

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